“O Último Trem de Outono”, de Rodrigo Souza Lima, é um romance melancólico e envolvente que entrelaça temas de saudade, destino e as despedidas inevitáveis da vida. A narrativa se passa em uma pequena estação ferroviária esquecida pelo tempo, onde diferentes personagens cruzam seus caminhos em meio às folhas douradas do outono.
A história acompanha Miguel, um homem de meia-idade que retorna à sua cidade natal após anos vivendo longe. Carregando apenas uma mala e lembranças fragmentadas, ele chega à estação esperando pegar o último trem da temporada, sem saber ao certo para onde está indo ou o que realmente busca. Seu retorno desperta memórias de sua juventude, dos amigos que ficaram e do grande amor que nunca pôde esquecer: Elisa.
Enquanto espera o trem, Miguel encontra Dona Amélia, a antiga bilheteira da estação, que o reconhece imediatamente. Ela se lembra de como ele costumava embarcar ali para visitar Elisa, sempre carregando flores e um sorriso esperançoso. Mas os anos passaram, e a estação, assim como suas histórias, foi se tornando um lugar de despedidas e segredos não revelados.
O protagonista também conhece André, um jovem que deseja partir para uma nova vida, fugindo da mesmice de sua cidade. O encontro entre os dois desperta reflexões sobre escolhas, arrependimentos e os ciclos que a vida impõe. Miguel vê no jovem um reflexo de seu próprio passado e tenta aconselhá-lo, mas percebe que cada um deve encontrar seu próprio caminho.
Em meio ao frio da noite e ao som distante dos trilhos, Miguel descobre que Elisa faleceu anos antes, deixando apenas uma carta nunca entregue. Ao lê-la, ele se depara com palavras que mudam sua visão sobre o passado e o que realmente significou aquela história para ambos. O trem finalmente chega, e ele precisa decidir se parte em busca de algo novo ou permanece preso às lembranças do que nunca pôde ser.
Com uma escrita delicada e cheia de simbolismos, Rodrigo Souza Lima conduz o leitor por uma jornada de autodescoberta, mostrando que a vida é feita de chegadas e partidas, e que, às vezes, o verdadeiro destino não está no trem que pegamos, mas nas histórias que deixamos para trás.