“A Vila dos Relógios Parados”, de Beatriz Camargo Silva, é uma obra encantadora que mistura fantasia, mistério e profundas reflexões sobre o tempo e a vida. A narrativa se passa em uma vila peculiar, onde todos os relógios pararam exatamente à mesma hora, e os moradores parecem presos a uma rotina imutável.
A história começa com a chegada de Clara, uma jovem curiosa que, após se perder em uma viagem, descobre a misteriosa vila escondida entre montanhas. Desde o primeiro momento, ela percebe algo estranho: os relógios da vila, tanto os públicos quanto os pessoais, estão parados exatamente às 10h15. Mais intrigante ainda é o comportamento dos moradores, que seguem suas vidas de maneira repetitiva e evitam questionar o fenômeno.
Conforme Clara se aproxima das pessoas do lugar, ela conhece personagens como o senhor Élio, o relojoeiro da vila, que guarda segredos sobre o motivo pelo qual os relógios pararam, e Amélia, uma menina que sonha em ver o tempo voltar a correr. Eles revelam a Clara que, anos atrás, um evento misterioso causou a interrupção do tempo e que ninguém mais conseguiu descobrir como fazê-lo fluir novamente.
Movida por sua curiosidade e pela empatia pelos moradores, Clara decide investigar o que realmente aconteceu. Sua jornada a leva a uma série de descobertas surpreendentes, que misturam elementos mágicos e simbólicos, como uma antiga torre escondida na floresta, onde se encontra o maior relógio da vila, também parado às 10h15. Ela descobre que a interrupção do tempo está relacionada aos medos, arrependimentos e desejos não realizados dos moradores, que, de certa forma, preferiram parar o tempo a enfrentar o desconhecido futuro.
À medida que Clara tenta desvendar o mistério, ela percebe que o verdadeiro desafio não é consertar os relógios, mas ajudar os moradores a se libertarem das correntes invisíveis que os mantêm presos ao passado. Suas conversas com eles são cheias de lições sobre a importância de aceitar o tempo como algo fluido, que traz tanto desafios quanto oportunidades.
O clímax do livro ocorre quando Clara decide subir até a torre do grande relógio e descobre um mecanismo complexo que simboliza o coração da vila. Com a ajuda de Amélia e do senhor Élio, ela consegue ativar o relógio novamente, mas não sem antes encarar seus próprios medos e escolhas.
Quando os relógios voltam a funcionar, os moradores sentem uma mistura de alívio e medo, mas logo percebem que o movimento do tempo traz uma renovada energia para suas vidas. Clara, por sua vez, parte da vila com a sensação de ter cumprido sua missão, levando consigo a valiosa lição de que o tempo é um aliado, e não um inimigo.
“A Vila dos Relógios Parados” é uma obra poética e cheia de significado, que nos convida a refletir sobre como lidamos com o tempo e com nossas escolhas. Beatriz Camargo Silva tece uma narrativa envolvente, repleta de metáforas e personagens marcantes, fazendo deste livro uma leitura inesquecível.