“O Guardião do Parque” é uma narrativa envolvente que transpõe para o papel a atmosfera misteriosa e poética do filme cult que a inspirou. A história gira em torno de um homem solitário, incumbido de proteger um antigo parque natural, isolado no coração de uma cidade que se expande de maneira caótica e indiferente às suas raízes verdes e silenciosas.
O protagonista, conhecido apenas como O Guardião, vive em uma cabana modesta, mantendo rotinas rígidas e silenciosas. Com poucos contatos humanos, sua vida é marcada por observações sutis da natureza e um respeito quase sagrado pelas árvores, animais e trilhas que compõem o parque. O tempo, para ele, parece seguir regras próprias.
À medida que a cidade ameaça invadir o parque, surgem pressões externas para a construção de empreendimentos no local. Um grupo empresarial deseja derrubar parte da reserva para construir um complexo comercial. É nesse momento que o conflito entre progresso e preservação se intensifica.
Enquanto isso, o Guardião começa a ter visões enigmáticas e sonhos simbólicos, nos quais o parque se comunica com ele por meio de animais e fenômenos naturais. Essas experiências ganham tons místicos, sugerindo que o local guarda mais do que apenas fauna e flora — talvez uma consciência ancestral.
O livro alterna passagens de ação sutil com trechos introspectivos, revelando aos poucos o passado do Guardião, marcado por perdas, escolhas difíceis e uma ligação profunda com aquele pedaço de terra. O leitor passa a entender que ele não está ali apenas por dever — mas por missão pessoal.
Uma jovem ambientalista entra em cena e estabelece um laço com o Guardião, trazendo novas ideias e estratégias para resistir à destruição iminente. A relação entre os dois traz uma centelha de esperança e mudança, sem nunca quebrar o tom contemplativo da narrativa.
O ponto alto da obra se dá quando ocorre um evento extraordinário no parque, presenciado por poucos, mas que se espalha como lenda urbana. Esse momento redefine a percepção pública do lugar, colocando em xeque a suposta superioridade do concreto sobre a terra.
“O Guardião do Parque” termina de forma aberta, sem respostas definitivas, mas com a sensação de que algo importante foi preservado — seja no espaço físico, seja na memória das pessoas que passaram por ali. A natureza, por fim, se impõe de maneira silenciosa, mas inegável.
Com uma linguagem sensível e cinematográfica, o livro oferece uma experiência que transcende o enredo ecológico. Ele convida à reflexão sobre tempo, pertencimento e resistência, fazendo jus à sua origem como um filme cult independente — agora reinventado na forma de romance literário.