“O Vento e o Barquinho de Papel”, de Helena Duarte Souza, é uma fábula poética que celebra o encontro entre a delicadeza e a força, entre o desejo de aventura e a consciência de fragilidade. A história gira em torno de um pequeno barquinho de papel, feito com carinho e lançado em um riacho, que sonha em navegar grandes distâncias e conhecer o mundo.
Desde o início, o barquinho é apresentado como símbolo da inocência e da esperança. Ele foi dobrado por mãos infantis e carrega em si a leveza dos sonhos. Ao encontrar o vento, surge um diálogo entre duas naturezas distintas: o vento, livre e impetuoso, representa a força das circunstâncias; o barquinho, frágil e sensível, traz consigo o desejo de seguir em frente, mesmo diante do desconhecido.
A narrativa se constrói com sensibilidade, acompanhando a travessia do barquinho por águas calmas e turbulentas, sempre impulsionado pelo vento. A autora dá vida a esse encontro com lirismo, mostrando como o vento, ao mesmo tempo que guia, também representa risco. A relação entre os dois se torna quase de amizade, marcada por cuidado e também por conflito.
O barquinho, mesmo pequeno, questiona seu lugar no mundo, teme ser destruído, mas continua acreditando que vale a pena seguir adiante. O vento, por sua vez, começa a perceber sua responsabilidade sobre o destino daquele ser tão frágil. Há uma transformação mútua: o vento aprende a ser mais gentil, e o barquinho aprende a confiar mais.
Ao longo da jornada, o barquinho encontra obstáculos — pedras, redemoinhos, tempestades — e em todos esses momentos, o vento precisa decidir se empurra ou protege. Essa dualidade revela uma metáfora mais profunda sobre o poder que temos sobre os outros e como podemos usá-lo com consciência e empatia.
Helena Duarte Souza constrói uma metáfora delicada sobre crescimento, escolhas e cuidado. A história do barquinho não é apenas sobre uma viagem, mas sobre aprender a conviver com o imprevisível e a aceitar a ajuda de forças maiores sem perder a própria essência.
No final da história, o barquinho chega a um lago sereno, onde repousa, desgastado pela viagem, mas pleno por ter vivido. O vento, por sua vez, permanece por perto, agora mais suave, como uma brisa amiga que compreendeu o valor da delicadeza.
“O Vento e o Barquinho de Papel” é uma narrativa singela e profunda, ideal para leitores de todas as idades. Com sua escrita poética, Helena Duarte Souza nos lembra da beleza da vulnerabilidade, da força da amizade e da coragem que há em quem se lança ao mundo, mesmo sendo feito de papel.