“A Cidade e as Serras” é uma obra emblemática da literatura portuguesa, escrita por Eça de Queirós no final do século XIX. O romance narra a história de Jacinto, um jovem aristocrata português que vive uma vida luxuosa e cosmopolita em Paris. Jacinto é retratado como alguém imerso na modernidade e na tecnologia, sempre em busca de novidades e conforto.
No entanto, a rotina de Jacinto é subitamente interrompida quando recebe a notícia da morte de um tio distante, que lhe deixou uma propriedade rural em Portugal. Relutante, Jacinto decide visitar a propriedade, chamada Tormes, e lá descobre uma vida completamente diferente daquela a que estava acostumado em Paris.
Ao chegar a Tormes, Jacinto depara-se com uma atmosfera de calma e simplicidade, em contraste com a agitação da vida na cidade. Ele é apresentado à vida rural, à agricultura e à relação mais próxima com a natureza, experiências que inicialmente o deixam desconfortável.
Porém, ao longo do tempo, Jacinto começa a apreciar a tranquilidade e a beleza da vida no campo. Ele desenvolve amizades com os moradores locais e encontra uma nova forma de felicidade longe do frenesi da cidade. Gradualmente, ele se reconecta com suas raízes e valores tradicionais.
Jacinto também se apaixona por Joaninha, uma jovem simples e encantadora que trabalha na propriedade. Seu amor por Joaninha e pela vida no campo o faz repensar suas prioridades e questionar o vazio de sua existência anterior.
No entanto, o retorno à vida na cidade é inevitável, e Jacinto é confrontado com o dilema de conciliar seus dois mundos. Ele percebe que não pode mais viver completamente na cidade, mas também não pode abandonar completamente sua vida anterior.
No desfecho da história, Jacinto encontra um equilíbrio entre os dois mundos, decidindo dividir seu tempo entre a cidade e o campo. Ele compreende que a verdadeira felicidade reside na harmonia entre a modernidade e a tradição, entre o urbano e o rural.
“A Cidade e as Serras” é uma obra rica em crítica social e reflexão sobre os valores da sociedade contemporânea. Eça de Queirós utiliza a jornada de Jacinto como uma alegoria para discutir os efeitos da industrialização e do progresso sobre a vida humana, bem como a busca incessante pela felicidade e pelo sentido da existência.
Com sua prosa envolvente e seu olhar perspicaz sobre a condição humana, Eça de Queirós cria em “A Cidade e as Serras” uma obra atemporal que continua a ressoar com os leitores, convidando-os a refletir sobre as complexidades da vida moderna e a busca por uma existência mais autêntica e satisfatória.