“Angústia”, publicado em 1936, é uma das obras mais emblemáticas de Graciliano Ramos, renomado escritor brasileiro do século XX. O romance narra a história de Luís da Silva, um funcionário público solitário e introspectivo que vive em Maceió, Alagoas. A narrativa é construída como um fluxo de consciência, mergulhando profundamente nos pensamentos e sentimentos tumultuados do protagonista.
Luís é um homem atormentado por suas próprias neuroses e inseguranças. Ele trabalha como revisor de textos jurídicos e leva uma vida monótona e desprovida de conexões significativas. Sua relação com Marina, uma jovem atraente e manipuladora, é marcada por ciúmes e possessividade, tornando-se um dos principais focos de sua angústia existencial.
Ao longo da história, Luís enfrenta um dilema ético que o coloca em conflito consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. Sua incapacidade de se comunicar efetivamente com os outros, combinada com sua tendência à introspecção e à autocrítica severa, o leva a uma espiral de isolamento emocional e desespero.
A ambientação sombria e o estilo narrativo direto de Graciliano Ramos refletem não apenas a psicologia profunda de seu protagonista, mas também a atmosfera opressiva da sociedade brasileira da época. A obra é habilmente estruturada para capturar a angústia existencial de Luís, proporcionando uma reflexão profunda sobre a condição humana e os limites da moralidade individual.
“Angústia” não apenas explora temas de alienação, culpa e redenção pessoal, mas também oferece uma crítica sutil à burocracia e à corrupção presentes na estrutura social e política do Brasil daquela época. A escrita densa e introspectiva de Graciliano Ramos convida os leitores a uma jornada emocional e intelectual, desafiando-os a confrontar questões universais sobre moralidade, identidade e o peso das escolhas pessoais na busca por significado na vida.
Em suma, “Angústia” é uma obra-prima da literatura brasileira que continua a fascinar e provocar reflexões profundas sobre a complexidade da experiência humana e os dilemas morais que permeiam a existência individual.