“Cavalos Cansados”, de Rubem Fonseca, é uma coletânea de contos publicada em 1980, que reflete a tensão e o desencanto com a sociedade brasileira durante o período da ditadura militar. Fonseca, conhecido por sua prosa direta e áspera, utiliza um estilo contundente para abordar temas como a violência urbana, a corrupção, o poder, e a condição humana em meio à degradação moral.
Os personagens de “Cavalos Cansados” são geralmente figuras marginalizadas, desgastadas pela vida e pela falta de perspectivas. O título, que evoca a imagem de cavalos exaustos, simboliza o cansaço e a frustração de pessoas que perderam suas forças, seja pela opressão social, pelas desigualdades ou pelo próprio desencanto com a existência. São personagens que, como os cavalos cansados, já não têm energia para lutar, mas seguem sobrevivendo, muitas vezes de forma amarga e desiludida.
Ao longo dos contos, Rubem Fonseca constrói tramas nas quais a violência, explícita ou implícita, está sempre presente. Há uma crítica constante às estruturas de poder e à impunidade, especialmente no que se refere às elites e ao aparato repressivo do Estado. Fonseca não oferece soluções fáceis; ao contrário, seus contos frequentemente terminam de forma abrupta, deixando o leitor com uma sensação de desconforto e inquietação.
A obra explora a complexidade da natureza humana, mostrando como o contexto social pode levar indivíduos a atos extremos, e como a desesperança se infiltra em todos os aspectos da vida. Fonseca também se destaca por seu realismo cru, retratando o submundo das grandes cidades brasileiras, com seus personagens violentos, cínicos e profundamente marcados pelo sofrimento.
“Cavalos Cansados” se destaca na carreira de Rubem Fonseca por sua crítica mordaz e sua capacidade de capturar a dureza da realidade brasileira. Através de suas histórias, o autor revela o lado mais sombrio e decadente da sociedade, explorando com maestria os dilemas morais e as consequências psicológicas da violência e da opressão.