O roteiro de “A Árvore da Vida”, de Terence Malick, é uma profunda reflexão sobre a existência, a espiritualidade, a memória e a busca por sentido. A obra acompanha a trajetória da família O’Brien, marcada por amor, dor, conflitos e a constante tensão entre dois caminhos de vida: o caminho da natureza e o caminho da graça.
A narrativa se desenvolve de maneira não linear, intercalando cenas do presente, lembranças da infância e até sequências que remontam à criação do universo, conectando a pequena história de uma família ao mistério da existência e à vastidão do cosmos.
O protagonista, Jack, na fase adulta, revisita suas memórias de infância, refletindo sobre a relação com seus pais. O pai é rígido, severo, seguidor do caminho da natureza — baseado na luta, no esforço e na disciplina. Já a mãe representa o caminho da graça — amorosa, gentil e guiada pela compaixão.
Ao longo da infância, Jack enfrenta um turbilhão de emoções, dividido entre a admiração e o ressentimento pelo pai e o profundo amor e apego à mãe. Essa dualidade molda seu caráter, suas escolhas e sua visão sobre o mundo.
O roteiro retrata com delicadeza cenas cotidianas, como brincadeiras de irmãos, momentos de afeto, perdas, alegrias e também episódios de dor, sobretudo após a morte trágica de um dos filhos, que marca profundamente toda a família.
Paralelamente, Malick insere grandiosas sequências visuais que representam o surgimento do universo, a formação da Terra, o surgimento da vida e até a presença dos dinossauros, sugerindo que a história da humanidade é apenas um fragmento de uma narrativa muito maior.
No presente, Jack, agora um arquiteto bem-sucedido, vive uma crise existencial e espiritual. Ele questiona o sentido da vida, da dor e da morte, buscando reconectar-se com suas origens, com sua família e com algo maior do que ele próprio.
O clímax do roteiro ocorre em uma sequência simbólica e poética, onde Jack encontra, em um espaço atemporal, figuras do seu passado — sua mãe, seu pai, seu irmão e até versões mais jovens de si mesmo —, em uma espécie de reconciliação com sua história, sua dor e sua humanidade.
“A Árvore da Vida” não oferece respostas prontas, mas propõe uma jornada introspectiva e sensorial sobre quem somos, de onde viemos e qual é o nosso lugar no universo. Uma obra que transcende o cinema convencional e convida à contemplação e à reflexão espiritual profunda.