“O Lobo e a Garça”, de Jean de La Fontaine, é uma fábula clássica que explora a ingratidão e o egoísmo através da relação entre um lobo e uma garça. A história começa com um lobo faminto que, ao devorar uma presa de maneira apressada, engasga com um osso que fica preso em sua garganta. Sentindo-se em agonia e sem conseguir se livrar do osso, o lobo oferece uma recompensa generosa para qualquer um que possa ajudar a remover o objeto que o sufoca.
Nesse momento, aparece uma garça, que, ao ouvir a promessa de recompensa, decide arriscar-se para ajudar o lobo. Com seu longo bico e pescoço fino, ela consegue alcançar o fundo da garganta do lobo e retirar o osso, aliviando sua dor. O lobo, finalmente livre do incômodo, começa a se afastar, mas a garça o interrompe, pedindo que ele cumpra sua promessa e a recompense pelo serviço arriscado que fez.
No entanto, ao invés de agradecê-la ou honrar sua promessa, o lobo olha para a garça com desdém e responde de maneira ingrata, dizendo que ela já deveria se sentir sortuda por ter colocado a cabeça em sua boca e saído viva. Segundo ele, o fato de ter deixado a garça escapar sem devorá-la deveria ser visto como sua recompensa suficiente, dispensando qualquer pagamento adicional.
A resposta do lobo choca a garça, que percebe a verdadeira natureza ingrata e cruel do lobo. A partir desse momento, ela entende que ele nunca teve intenção de recompensá-la e que confiou em uma criatura incapaz de reconhecer uma boa ação. A atitude do lobo revela seu egoísmo e sua falta de empatia, e a garça aprende que nem todos aqueles que pedem ajuda são dignos de confiança.
Jean de La Fontaine, através dessa história, destaca uma lição sobre a ingratidão e a desilusão que pode ocorrer ao ajudar aqueles que não são capazes de reconhecer ou retribuir o apoio que recebem. A moral da fábula é clara: nem sempre boas ações são retribuídas com gratidão, especialmente quando feitas para aqueles que têm um caráter egoísta e mesquinho. Assim, a fábula sugere que é importante ter cautela ao escolher a quem se oferece ajuda, pois nem todos são merecedores de confiança ou de atos de bondade.
Por fim, a mensagem da fábula incentiva uma reflexão sobre a natureza humana e a prudência nas relações. Embora ajudar o próximo seja um valor nobre, é importante reconhecer que alguns indivíduos podem não valorizar ou recompensar gestos de generosidade. “O Lobo e a Garça” é, portanto, um lembrete atemporal da realidade de que boas ações nem sempre encontram reciprocidade, especialmente de quem já demonstra inclinações egoístas.