Na fábula A Coruja e os Pássaros, atribuída a Esopo, a narrativa apresenta uma reflexão sobre a importância de ouvir conselhos e valorizar a sabedoria antes que seja tarde. Como em outras histórias do fabulista grego, o enredo é simples, mas carrega uma lição moral profunda, construída a partir do comportamento dos animais como metáforas da conduta humana.
A história começa com uma coruja que observa atentamente o comportamento dos demais pássaros. Percebendo certos perigos que se aproximavam, ela decide alertá-los. A coruja, símbolo de prudência e visão aguçada, aconselha os pássaros a agirem com cautela, antecipando riscos que poderiam trazer sérias consequências para todos.
Entretanto, os pássaros, despreocupados e cheios de confiança em si mesmos, ignoram os avisos da coruja. Ao invés de valorizar a sabedoria de quem enxerga além, eles a ridicularizam, tratando suas advertências como exageros ou inutilidades. A cegueira voluntária, típica de quem prefere viver sem refletir sobre o futuro, torna-se um dos pontos centrais da narrativa.
Com o tempo, os perigos previstos pela coruja acabam se concretizando. Armadilhas humanas e ameaças naturais atingem os pássaros, que não se precaveram. Quando percebem que a coruja tinha razão, já era tarde demais. O arrependimento surge, mas não é capaz de reparar o descuido ou evitar as perdas.
Essa virada no enredo reforça a ideia de que a verdadeira sabedoria muitas vezes é rejeitada porque exige atenção, humildade e disciplina para ser ouvida. A coruja, mesmo sendo desprezada, mantém-se como símbolo da voz que enxerga além do presente, antecipando consequências e tentando proteger os outros.
Esopo, através dessa fábula, deixa claro que a arrogância e a falta de escuta são falhas humanas recorrentes. Muitas vezes, os alertas de pessoas experientes ou mais perspicazes são descartados, até que os problemas se tornem inevitáveis. A figura dos pássaros representa a imprudência coletiva, enquanto a coruja encarna o olhar atento e sábio que poucos valorizam.
A moral da história pode ser resumida como um chamado à prudência e à valorização dos conselhos. Ignorar a voz da experiência pode custar caro, enquanto aprender com os avisos pode evitar dores e tragédias. A fábula, portanto, permanece atual em qualquer contexto: seja nas relações pessoais, no trabalho ou na vida em sociedade.
No desfecho, Esopo mais uma vez demonstra sua habilidade em transmitir ensinamentos por meio de histórias curtas e simbólicas. A Coruja e os Pássaros lembra aos leitores que a sabedoria não grita, mas adverte; e cabe a cada um decidir se vai ouvir a tempo ou se aprenderá apenas pela dor das consequências.