O livro O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux, é um romance gótico que mistura mistério, amor e tragédia, ambientado na majestosa Ópera de Paris. A trama gira em torno de eventos sobrenaturais que assustam os frequentadores e artistas da casa de ópera. No centro da história está Erik, o “fantasma”, um gênio musical deformado que vive escondido nos subterrâneos do teatro. Ele se apaixona obsessivamente por Christine Daaé, uma jovem e talentosa cantora. O cenário grandioso e sombrio contribui para o clima de tensão e romance.
Erik se comunica com Christine como se fosse um “anjo da música”, treinando-a secretamente e guiando sua carreira. Christine, inicialmente ingênua, acredita estar sendo guiada por uma força celestial. Aos poucos, ela descobre que por trás da voz há um homem real, atormentado por sua aparência e pela rejeição do mundo. Essa revelação marca um ponto de virada na narrativa. O livro explora o conflito entre aparência e essência, amor e obsessão. Erik é um personagem complexo, que desperta tanto medo quanto compaixão.
O triângulo amoroso entre Christine, Erik e Raoul, um visconde que ama Christine desde a infância, impulsiona o enredo. Raoul representa o amor puro e protetor, em contraste com a paixão sombria e possessiva de Erik. Christine se vê dividida entre esses dois mundos: o da superfície, seguro e convencional, e o dos subterrâneos, onde habita o desconhecido e o perigoso. Esse conflito reflete suas próprias dúvidas sobre o amor, o dever e o desejo. O romance, nesse sentido, é tanto psicológico quanto físico.
Gaston Leroux constrói um ambiente rico em detalhes, inspirando-se em lendas reais sobre a Ópera de Paris. Os bastidores, passagens secretas, espelhos falsos e armadilhas criam uma atmosfera de mistério e tensão constante. O autor também incorpora elementos do jornalismo investigativo, simulando que sua narrativa é baseada em fatos. Essa técnica aumenta o realismo da história, mesmo com os elementos fantásticos. O livro mistura o racional e o irracional de forma habilidosa.
A figura de Erik vai ganhando profundidade ao longo da obra. Não se trata apenas de um vilão mascarado, mas de um ser humano ferido, que anseia por amor e aceitação. Sua deformidade física o afastou da sociedade, forçando-o a viver no anonimato. Sua música e inteligência são suas únicas formas de existir plenamente. O leitor é levado a compreender suas motivações, ainda que não as justifique. Esse tratamento humanizado do “monstro” é um dos pontos altos do livro.
Christine, por sua vez, amadurece durante a narrativa. De jovem iludida, ela passa a ter consciência da complexidade dos sentimentos ao seu redor. Seu relacionamento com Erik é ambíguo, pois ela sente tanto medo quanto piedade. Ela também se vê desafiada a escolher entre segurança e liberdade. O personagem de Christine representa a luta entre razão e emoção. Sua decisão final é simbólica e carrega peso emocional e ético.
O desfecho do livro é trágico e comovente. Christine faz uma escolha que muda o destino de todos os envolvidos. Erik, ao perceber que seu amor não pode ser correspondido da forma como deseja, desiste de sua obsessão. Sua morte solitária nos subterrâneos da ópera simboliza o fim de uma alma incompreendida. A tragédia de Erik transforma-se em uma lição sobre compaixão e limites do amor. A redenção final do personagem emociona e fecha a narrativa com força simbólica.
O Fantasma da Ópera é, assim, uma obra atemporal sobre os dilemas da condição humana: o medo da rejeição, a busca por amor, os limites da beleza e os abismos da solidão. Gaston Leroux combina mistério, romance e crítica social com maestria. O livro inspira reflexões sobre aparência, marginalização e empatia. Sua força está na dualidade dos personagens e no ambiente gótico que espelha suas angústias. Um clássico que continua encantando leitores em todo o mundo.