“Paula” é um livro profundamente comovente e autobiográfico escrito por Isabel Allende. A obra é um tributo à vida de sua filha, Paula Frías, que, em 1991, entrou em coma devido a uma doença rara e fatal, e faleceu um ano depois. O livro é uma expressão de amor, memória e um relato emocionalmente poderoso que entrelaça as experiências de Isabel Allende com a história de sua família, sua terra natal e sua carreira de escritora.
A narrativa começa com a autora recebendo a notícia da internação de Paula no hospital, mergulhando a família em uma situação de angústia constante. Durante os longos dias e noites no hospital, Allende começa a escrever uma carta para sua filha em coma, que se torna a base deste livro. A escrita funciona como uma maneira de manter Paula viva, de contar a ela as histórias de sua família, suas raízes chilenas e as experiências de sua mãe.
Isabel Allende nos leva em uma jornada através de sua infância no Chile, marcada por figuras fortes e coloridas da família, e, posteriormente, pelo golpe militar que ocorreu em 1973. Ela detalha sua experiência como jornalista e sua transição para a carreira de escritora, descrevendo como a escrita tornou-se sua maneira de dar sentido ao mundo e de dar voz a histórias e personagens complexos.
O livro é uma meditação sobre a família, a resiliência e o poder da escrita como uma forma de catarse. Allende compartilha sua própria jornada de autodescoberta, examinando suas relações familiares, suas escolhas de vida e as experiências que a moldaram. Ela mergulha profundamente em sua conexão com a filha, tentando transmitir seu amor, seu passado e seu desejo de ver Paula acordar do coma.
“Paula” também serve como um tributo à cultura chilena e à história política do país. Isabel Allende descreve vividamente os eventos tumultuados que levaram ao golpe militar de 1973, que afetou profundamente sua família e a vida de milhares de chilenos. Ela narra sua própria participação na resistência política e a sensação de exílio que a forçou a deixar o Chile e buscar refúgio em outros países. O livro oferece uma perspectiva íntima da luta de um país e das pessoas que sofreram sob regimes autoritários.
À medida que a narrativa se desenrola, Allende explora sua própria evolução como escritora, destacando como a escrita não apenas se tornou uma ferramenta de expressão, mas também uma forma de entender sua própria identidade e propósito. “Paula” revela os desafios e triunfos de sua carreira literária, bem como a influência de sua família, suas viagens e suas experiências pessoais em suas obras de ficção.
No final, “Paula” é uma obra de profunda introspecção e amor, que não apenas presta homenagem a sua filha, mas também oferece uma visão única sobre a vida e a carreira de uma das autoras mais amadas da literatura contemporânea. O livro nos lembra da capacidade da escrita de transcender barreiras e conectar corações, celebrando a resiliência humana e a importância de manter viva a memória de entes queridos.