“Starman”, escrito por Alan Dean Foster, é a novelização do filme de ficção científica lançado em 1984. A obra acompanha a jornada de um alienígena que assume a forma humana e atravessa os Estados Unidos ao lado de uma mulher humana, em uma narrativa que mistura ficção científica, drama e romance. Foster adapta o roteiro com profundidade emocional e nuances literárias, enriquecendo a experiência cinematográfica com introspecção e descrição.
O enredo começa com uma sonda da NASA enviando uma mensagem de boas-vindas ao espaço. Uma civilização alienígena recebe o convite e envia uma nave à Terra. Ao entrar na atmosfera, a nave é derrubada por forças militares americanas, e um dos extraterrestres sobrevive, assumindo a forma física do falecido marido de Jenny Hayden, uma viúva solitária vivendo no interior de Wisconsin.
Jenny é confrontada com a ressurreição misteriosa do marido morto, agora habitado por uma criatura alienígena de aparência idêntica, mas de comportamento estranho e inocente. O “Starman” precisa chegar ao Arizona, onde será resgatado por sua civilização, e Jenny, ainda atordoada, acaba sendo sua companheira involuntária nessa jornada. No decorrer da viagem, nasce entre eles uma conexão profunda e inesperada.
O livro se aprofunda na transformação do alienígena — de um ser puramente racional para alguém capaz de experimentar e compreender emoções humanas. Alan Dean Foster mergulha na dualidade entre o desconhecido e o familiar, retratando o Starman como um espelho da própria humanidade: curioso, vulnerável e capaz de compaixão.
À medida que os dois personagens avançam em sua travessia pelos EUA, enfrentam perseguições do governo, obstáculos físicos e dilemas éticos. Foster intensifica os momentos de tensão com descrições vívidas e ritmo constante, mantendo o leitor imerso tanto na ação quanto na reflexão existencial dos protagonistas.
O romance explora o contraste entre a frieza da reação militar e o calor das experiências humanas. Enquanto o governo vê o Starman como ameaça, Jenny começa a enxergá-lo como um ser sensível, capaz de amar. Esse confronto entre medo e empatia conduz a mensagem central da obra: a humanidade é definida não apenas pela inteligência, mas pela capacidade de sentir e cuidar do outro.
Temas como perda, luto e renascimento permeiam o texto. Jenny, inicialmente devastada pela morte do marido, é desafiada a se abrir para o inexplicável. O Starman, por sua vez, aprende sobre a mortalidade e a fragilidade humana — e é essa compreensão que o transforma em algo mais do que apenas um visitante interestelar.
Ao final da narrativa, o Starman se despede de Jenny em uma das cenas mais emocionantes da obra. Sua partida simboliza tanto o fim da jornada quanto a possibilidade de esperança: mesmo entre espécies diferentes, o amor e a empatia são possíveis. A semente que ele deixa — no ventre de Jenny — representa continuidade, encontro e renovação.
“Starman”, de Alan Dean Foster, é uma ficção científica que transcende o gênero ao tratar do que é essencialmente humano. Ao adaptar o roteiro para o romance, Foster constrói uma obra tocante, com personagens complexos e uma atmosfera que alterna beleza, tristeza e fascínio. Um clássico da sci-fi com alma profundamente sensível.