“A Hora da Estrela” é um romance de Clarice Lispector que narra a história de Macabéa, uma jovem nordestina que se muda para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor. A narrativa é conduzida por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M., que reflete sobre seu papel como criador da história e sobre a própria existência. Macabéa é uma personagem que vive à margem da sociedade, sem grande consciência de si mesma ou de suas circunstâncias, representando a figura do migrante nordestino que enfrenta dificuldades e preconceitos nas grandes cidades brasileiras.
O livro explora temas de identidade, solidão e a busca por significado em um mundo indiferente. Através de Macabéa, Lispector faz uma crítica à desigualdade social e à marginalização dos pobres no Brasil. A jovem leva uma vida monótona e sem grandes expectativas, trabalhando como datilógrafa e vivendo em condições precárias. Sua existência é marcada pela invisibilidade e pela falta de perspectivas, refletindo a realidade de muitos migrantes que buscam melhores condições de vida nas metrópoles.
O estilo narrativo de Lispector é introspectivo e filosófico, caracterizado por uma linguagem fragmentada que reflete os pensamentos e sentimentos do narrador. Rodrigo S.M. frequentemente interrompe a narrativa para questionar o processo de escrita e sua relação com a personagem, criando uma camada adicional de complexidade à obra. Essa abordagem metaficcional desafia o leitor a refletir sobre a natureza da ficção e a construção das histórias.
Ao longo do romance, Macabéa experimenta pequenos momentos de esperança, como quando consulta uma cartomante que prevê um futuro melhor para ela. No entanto, a história culmina em um desfecho trágico e abrupto, que sublinha a fragilidade e a efemeridade da vida. “A Hora da Estrela” é uma obra rica em simbolismo e profundidade emocional, que continua a ser estudada e admirada por sua abordagem única e inovadora da literatura.
O romance foi publicado em 1977, sendo o último de Clarice Lispector em vida, e foi adaptado para o cinema em 1985 por Suzana Amaral, o que ajudou a popularizar ainda mais a história de Macabéa. A obra permanece relevante por sua capacidade de capturar a essência da condição humana e por sua crítica social incisiva, oferecendo uma visão poderosa e comovente da vida de uma jovem que busca seu lugar em um mundo que a ignora.