“O Feijão e o Sonho”, de Orígenes Lessa, é um romance brasileiro que explora a tensão entre os ideais e as necessidades práticas da vida. A história acompanha Eugênio, um poeta sonhador, e sua esposa, Maria Rosa, uma mulher pragmática que luta para manter a família em meio às dificuldades financeiras. O título simboliza o conflito central da narrativa: o “feijão”, representando a subsistência e a realidade, e o “sonho”, personificando os ideais e aspirações artísticas.
Eugênio dedica sua vida à poesia, movido pela paixão de criar versos que transcendam a banalidade do cotidiano. No entanto, seu idealismo o torna alheio às necessidades materiais, colocando o peso da responsabilidade sobre Maria Rosa. Ela, por sua vez, enfrenta a dureza da vida com resiliência, buscando maneiras de sustentar os filhos e manter o lar, enquanto observa com frustração e ternura o comportamento de Eugênio.
O romance apresenta com profundidade as dificuldades enfrentadas por artistas que, como Eugênio, tentam equilibrar o desejo de criar com a pressão de sobreviver. Ele oscila entre momentos de inspiração e crises de consciência, sentindo-se culpado por não conseguir prover para sua família, mas incapaz de abandonar sua vocação poética. Maria Rosa, embora crítica de sua postura, demonstra um amor inabalável, sacrificando-se para manter a família unida.
Lessa constrói uma narrativa sensível e repleta de nuances, destacando o contraste entre os mundos de Eugênio e Maria Rosa. Ele vive nas alturas de seus devaneios poéticos, enquanto ela está firmemente enraizada na terra, enfrentando a realidade com coragem. Apesar de suas diferenças, o casal representa o equilíbrio necessário entre sonho e necessidade, poesia e prosa, idealismo e pragmatismo.
A obra reflete não apenas o dilema do protagonista, mas também uma crítica social mais ampla sobre a falta de valorização da arte e dos artistas em uma sociedade voltada para o materialismo. “O Feijão e o Sonho” apresenta o embate entre o sublime e o concreto, questionando o que realmente dá sentido à existência.
Com sua linguagem fluida e sensível, Orígenes Lessa cria uma história atemporal que dialoga com leitores de diferentes contextos, abordando temas universais como amor, sacrifício, identidade e o eterno conflito entre razão e emoção. “O Feijão e o Sonho” permanece uma obra marcante da literatura brasileira, mostrando que, embora a vida exija o feijão, ela só é verdadeiramente rica quando há espaço para o sonho.