“A Atuação do Advogado Criminalista no Júri”, de Gustavo Badaró, é uma obra indispensável para compreender o papel estratégico e técnico do advogado de defesa no Tribunal do Júri, instituição histórica e emblemática do sistema penal brasileiro. Badaró oferece não apenas uma análise teórica, mas também orientações práticas, fruto de sua larga experiência como jurista e professor.
O livro começa contextualizando o Júri como uma instituição prevista na Constituição, ressaltando sua importância democrática ao permitir que cidadãos participem diretamente das decisões judiciais nos crimes dolosos contra a vida. Badaró destaca a singularidade do rito do Júri e os desafios que ele impõe à atuação da defesa.
Desde o início, o autor reforça que o advogado criminalista deve dominar tanto a técnica processual quanto a arte da retórica. No Tribunal do Júri, a argumentação oral assume um papel de destaque, e a capacidade de persuadir os jurados pode definir o destino do acusado. Por isso, a preparação deve ser minuciosa e estratégica.
Badaró também dedica capítulos à construção da tese defensiva, à escolha das provas a serem destacadas e à forma de abordar a prova pericial e testemunhal. Ele ressalta que a defesa deve se preparar para desconstruir a narrativa da acusação, mantendo o foco na dúvida razoável — pilar essencial do princípio do in dubio pro reo.
Um ponto central da obra é o estudo das técnicas de oratória e da psicologia do convencimento. O autor orienta o criminalista a adaptar sua linguagem ao perfil dos jurados e a utilizar recursos como metáforas, pausas e modulação da voz para transmitir segurança, credibilidade e emoção, sem cair no exagero teatral.
O autor também trata com profundidade da estrutura dos debates, das intervenções durante os quesitos e da importância de acompanhar de perto todas as fases do processo. A leitura dos autos, o estudo do perfil do réu e a análise das decisões anteriores formam a base para uma defesa coerente e eficaz.
Outro destaque da obra é a atenção que Badaró dá à ética profissional. Ele insiste que a atuação do criminalista deve respeitar os limites legais e morais, mesmo diante da pressão emocional típica do Júri. A busca pela absolvição não pode justificar práticas desleais ou manipulações indevidas.
Gustavo Badaró também valoriza o papel do advogado como defensor das garantias constitucionais do réu. Para ele, o júri é um campo de disputa simbólica, onde a defesa deve atuar como uma trincheira contra o arbítrio e os preconceitos, muitas vezes presentes nos discursos acusatórios.
Em síntese, “A Atuação do Advogado Criminalista no Júri” é uma obra que equilibra técnica e sensibilidade, teoria e prática. Gustavo Badaró oferece ao leitor um verdadeiro manual de resistência jurídica e oratória, essencial para quem deseja compreender — e praticar — a defesa criminal em sua forma mais intensa e visível.