No primeiro capítulo da obra, o autor revela que o reino de Deus não é simplesmente uma instituição visível ou um conjunto de regras externas, mas representa uma realidade espiritual penetrante que opera no interior do crente. Ele afirma que este reino exige um “novo nascimento” — uma transformação radical da natureza humana — para que o indivíduo possa participar plenamente de sua dimensão invisível. A cruz e a ressurreição de Cristo são apresentados como o ponto de partida desta nova realidade. O texto chama o leitor a perceber que aquilo que Deus está estabelecendo é um governo espiritual, e não apenas uma igreja ou denominação.
Em seguida, Nee discute a tensão entre dois reinos: o do mundo e o de Deus. Ele observa que, embora o reino de Deus já tenha sido inaugurado, os crentes vivem ainda “entre os séculos”, experimentando tanto a realidade presente quanto a consumação futura desse reinado. O crente, portanto, é chamado a abandonar a lealdade ao sistema deste mundo e a render‑se ao governo de Cristo. A obediência à carne e aos padrões humanos se opõe diretamente à vida no Espírito, que caracteriza aquele que pertence ao Reino. Ele desafia: de que reino você será súdito?
O autor ressalta que o reino de Deus se manifesta por meio de vida, e não de força ou estratégia humana. Dessa forma, ele propõe que a vida no Espírito — em comunhão com Deus — é o meio pelo qual o reino se expressa. O serviço cristão, segundo Nee, não é algo que se acrescenta à vida de fé, mas é a expressão natural da vida de Cristo habitando em nós. Ele alerta contra a armadilha de reduzir a vida cristã a atividades ou programas externos, enfatizando que o que importa é o viver interno do reino.
A obra aprofunda ainda a dimensão comunitária desse reinado. O autor argumenta que a comunhão dos crentes e o corpo de Cristo devem refletir a realidade invisível do reino e não apenas o visível da igreja humana. Ele sugere que a autoridade de Cristo, o amor mútuo e a edificação do corpo são sinais explícitos de que o reino de Deus está presente. A vida comunitária torna‑se assim um “laboratório” onde o reinado de Deus se faz visível através de relações governadas pela vida de Cristo.
Além disso, Nee trata da autoridade que Cristo exerce como Rei e da postura que o crente deve adotar perante essa autoridade. Ele ressalta que participar do reino implica rendição ao Senhorio de Cristo, e que resistir ou negligenciar essa submissão é permanecer sob o domínio de “este mundo”. O texto indica que a verdadeira liberdade e posição no reino vêm de reconhecer a Cristo como cabeça e o submeter‑se à Sua direção.
O livro aborda as implicações práticas dessa realidade para a vida diária: na forma de viver, no testemunho, no serviço e nas relações pessoais. Nee alerta que a identidade do crente já está estabelecida no reino — “libertado do império das trevas e transportado para o reino do Filho do Seu amor”. Ele convida o leitor a viver à altura dessa identidade e propósito eterno, não de modo indistinto, mas consciente da nova esfera espiritual em que se encontra.
Finalmente, o autor oferece uma perspectiva esperançosa: o reino de Deus será plenamente manifestado no futuro, mas já está operando no presente. Ele encoraja os leitores a experimentarem essa realidade e a serem agentes da expansão do reino aqui e agora. A vida cristã, segundo ele, não é uma preparação passiva, mas um viver ativo desta realidade divina. Ele fecha com a convocação para compreender os mistérios desse reino e viver conforme ele.
E, por fim, o leitor é lembrado de que conhecer o reino de Deus é também participar dele — não apenas entender conceitos, mas manifestar no cotidiano esta nova vida em Cristo.

