“Cristianismo Puro e Simples”, de C.S. Lewis, é uma das obras mais influentes sobre a fé cristã do século XX. Baseado em uma série de palestras radiofônicas realizadas durante a Segunda Guerra Mundial, o livro foi publicado em 1952, reunindo os principais argumentos de Lewis sobre a essência do cristianismo e sua aplicabilidade prática na vida cotidiana. A obra é notável por sua linguagem clara e lógica acessível, tornando-a uma introdução poderosa ao cristianismo tanto para crentes quanto para céticos.
O livro está dividido em quatro partes. Na primeira, intitulada “Certo e Errado como Chave para o Sentido do Universo”, Lewis aborda a existência de uma lei moral universal, presente em todas as culturas e épocas, que aponta para algo maior do que a humanidade. Ele argumenta que essa lei moral não pode ser explicada apenas pela evolução ou convenções sociais, mas sugere a existência de um Criador que estabelece um padrão de certo e errado.
A segunda parte, “O que os Cristãos Creem”, explora os fundamentos da teologia cristã. Lewis apresenta a figura de Jesus Cristo, enfatizando sua singularidade e rejeitando a ideia de que ele foi apenas um grande mestre moral. Ele argumenta que Jesus é, na verdade, quem afirmou ser: o Filho de Deus. Aqui, Lewis introduz seu famoso “trilema”: Jesus só pode ser considerado como Senhor, mentiroso ou louco, não havendo espaço para vê-lo como um mero profeta.
Na terceira seção, “O Comportamento Cristão”, Lewis foca na moralidade prática. Ele explica que o cristianismo não é apenas uma questão de crença, mas de como essas crenças moldam as ações do indivíduo. Lewis explora virtudes como fé, esperança e caridade, e discute questões como sexualidade, perdão e humildade. Ele também reflete sobre o impacto do orgulho, considerado o maior dos pecados, por ser a raiz de muitos outros.
A última parte, “Além da Personalidade: Ou Como é Ser um Cristão”, mergulha em questões mais profundas da teologia cristã, como a Trindade e o papel do Espírito Santo. Lewis reflete sobre como Deus transforma os cristãos para se tornarem mais parecidos com Cristo, em um processo contínuo de renovação espiritual. Ele apresenta o cristianismo como uma jornada de autossacrifício e dependência de Deus, que leva à verdadeira liberdade e plenitude.
Lewis também aborda questões comuns levantadas por céticos, como a coexistência do mal e de um Deus bom, e o desafio de viver de acordo com os ensinamentos cristãos em um mundo secular. Ele evita jargões teológicos, optando por uma abordagem racional e prática, capaz de dialogar com leitores de diversas origens e crenças.
O estilo de “Cristianismo Puro e Simples” é caracterizado por sua lógica persuasiva e analogias cativantes. Por exemplo, Lewis compara Deus a um artista que trabalha continuamente para moldar suas criações à sua imagem. Ele também descreve o relacionamento humano com Deus como uma dança, na qual cada passo depende da harmonia com o outro.
Embora tenha sido escrito em um contexto histórico específico, a mensagem de Lewis permanece relevante, especialmente para aqueles que buscam compreender o cristianismo de maneira racional e prática. Ele enfatiza que a fé cristã não é uma imposição, mas uma resposta ao amor de Deus e ao chamado para uma vida plena.
Em resumo, “Cristianismo Puro e Simples” é uma obra atemporal que desafia o leitor a refletir sobre a fé de forma honesta e profunda. C.S. Lewis apresenta o cristianismo em sua essência, destacando sua lógica, beleza e impacto transformador. É um livro que continua a inspirar pessoas ao redor do mundo, independentemente de sua tradição religiosa ou contexto cultural.