“O Drama das Escrituras”, de Craig G. Bartholomew e Michael W. Goheen, propõe uma leitura da Bíblia como uma história única e coerente. Em vez de abordar as Escrituras como um conjunto de textos isolados, os autores sugerem que toda a Bíblia deve ser lida como um drama em seis atos, com começo, meio e fim, em que Deus é o autor e o protagonista principal.
No primeiro ato, “Criação”, os autores destacam a beleza e o propósito original do mundo criado por Deus. O universo não surge por acaso, mas é intencionalmente moldado por um Deus que deseja comunhão com a humanidade. A criação é descrita como um lar perfeito, onde homem e mulher foram chamados a refletir a imagem de Deus e a governar o mundo com sabedoria.
O segundo ato trata da “Queda”. Aqui, Bartholomew e Goheen mostram como o pecado entra no mundo, corrompendo a criação e rompendo o relacionamento entre Deus, seres humanos e a natureza. A queda não destrói o plano de Deus, mas estabelece o cenário para a redenção. O drama se intensifica com a presença do mal, da injustiça e da idolatria.
No terceiro ato, “A Escolha de Israel”, os autores exploram como Deus inicia seu plano de redenção chamando um povo específico: Israel. Por meio de alianças, leis e promessas, Deus prepara Israel para ser luz entre as nações. Contudo, a história de Israel também é marcada por fracassos e rebeldia, revelando a necessidade de um Redentor.
O quarto ato é centrado na vinda de Jesus Cristo. Ele é apresentado como o clímax da narrativa bíblica — o verdadeiro Rei, o cumprimento das promessas feitas a Israel. Os autores enfatizam que Jesus inaugura o Reino de Deus e oferece reconciliação. Sua vida, morte e ressurreição são o ponto de virada do drama das Escrituras.
No quinto ato, “A Missão da Igreja”, o foco recai sobre os seguidores de Cristo que, capacitados pelo Espírito Santo, são chamados a continuar sua missão no mundo. A Igreja torna-se a comunidade do Reino, proclamando a Boa Nova e encarnando os valores do evangelho até a consumação final da história.
O sexto e último ato é “A Nova Criação”. Os autores descrevem o futuro prometido por Deus: novos céus e nova terra, onde não haverá mais dor, morte nem pecado. O drama termina com o restabelecimento da ordem e da comunhão entre Deus e a humanidade, completando o arco narrativo com esperança e restauração.
Além da estrutura em atos, “O Drama das Escrituras” convida os leitores a se verem como participantes dessa história. Bartholomew e Goheen enfatizam que todo cristão é chamado a viver de acordo com o enredo divino, rejeitando narrativas culturais distorcidas e assumindo um papel ativo no Reino de Deus.
Em resumo, o livro não apenas interpreta a Bíblia de forma unificada, mas também desafia o leitor a viver em coerência com o grande drama bíblico. Ao apresentar as Escrituras como narrativa, os autores tornam a fé cristã mais envolvente, significativa e profundamente enraizada no propósito eterno de Deus.