O livro começa com a introdução de Eleazar, um escriba judeu de alta reputação, vivendo sob o domínio de Antíoco IV Epifânio, período de intensa perseguição religiosa. Ele é retratado como um homem íntegro, conhecedor profundo das leis judaicas, que prefere a morte à profanação dos preceitos divinos. Suafortaleza moral fica clara quando se recusa a abandonar sua fé mesmo quando sob pressão do poder político.
O enredo expõe o decreto real exigindo que os judeus abandonem práticas religiosas tradicionais, como a observância da lei dietética. Eleazar, já velho, é convidado a fingir, por conveniência, comer carne de porco misturada sob aparência de comida permitida, para escapar ao martírio. Ele recusa veementemente, afirmando que mentir ou simular comprometeria sua consciência e honra, traindo a aliança com Deus.
Sua decisão provoca desprezo de muitos que, por medo, escolheram a rendição ou a dissimulação. Amigos e conhecidos tentam persuadi-lo a renunciar ou adotar práticas que o salvem, mas Eleazar se mantém firme. Sua resolução não é fruto de orgulho, mas de profunda convicção espiritual: para ele, a fidelidade divina vale mais do que a própria vida.
O clímax do livro ocorre com o martírio de Eleazar. Em público, ele é forçado a enfrentar a humilhação, a morte que lhe é imposta por recusar uma ordem real. O relato é comovente: descreve não apenas a dor física, mas a certeza espiritual com que Eleazar enfrenta seu fim. Ele vê o sofrimento como testemunho para as gerações futuras.
Depois da morte de Eleazar, o livro reflete sobre o impacto de sua morte entre o povo judeu. Há descrições de como seu exemplo fortalece os que creram, reaviva a fé, e inspira resistências futuras. O legado dele é apresentado como um memorial de virtude, coragem e fidelidade que permanece vivo mesmo após o martírio.
O texto aborda também temas maiores: o conflito entre poder temporal e autoridade espiritual, a coerência entre crença íntima e prática pública, a violência da coerção religiosa, bem como a ideia de que a verdade moral transcende leis humanas impostas injustamente. Esses temas são explorados não apenas no contexto judaico antigo, mas com implicações éticas universais.
Finalmente, há uma reflexão teológica: Eleazar não morre em vingança ou revolta, mas em obediência à sua fé. Sua morte é apresentada como sacrifício voluntário, testemunho da existência de valores que não podem ser relativizados. O livro fecha com uma exortação para que os leitores considerem a coragem moral como algo ativo, não meramente ideal.