“Triste Fim de Policarpo Quaresma” é uma obra literária de Lima Barreto, um dos mais importantes autores da literatura brasileira do século XX. Publicada originalmente em folhetos entre 1911 e 1912, a obra oferece uma crítica morna à sociedade brasileira da época, abordando temas como nacionalismo, burocracia, política, e as tensões entre a cultura brasileira e a cultura europeia.
A história gira em torno do personagem principal, Policarpo Quaresma, um funcionário público apaixonado pelo Brasil e sua cultura. Quaresma é um homem sonhador, idealista e nacionalista que acredita que a salvação do país está na valorização das tradições e da cultura brasileira. Seu sonho utópico é a reforma da língua nacional, o tupi-guarani, como língua oficial do país.
No entanto, a sua obstinação em promover essas mudanças o leva a confrontos com a burocracia do governo e com a elite cultural da época, que prefere a influência europeia. A história se desenrola em três partes, cada uma mostrando diferentes aspectos da vida de Quaresma e seu progressivo isolamento da sociedade. O protagonista é, por fim, internado em um hospital, o que representa uma crítica contundente à sociedade que não aceita suas ideias visionárias.
O romance também apresenta outros personagens memoráveis, como o amigo de Quaresma, o Major Trombudo, e a mulata Olga, que simbolizam diferentes camadas da sociedade brasileira e suas visões sobre a cultura nacional.
A obra de Lima Barreto é uma sátira profunda e perspicaz sobre as contradições do Brasil da época, revelando a hipocrisia da elite e a resistência à mudança. Além disso, questões como a identidade nacional, a alienação e os desafios enfrentados pelos idealistas em um contexto de corrupção e interesses pessoais.
Em resumo, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” é um livro essencial da literatura brasileira que oferece uma análise crítica da sociedade e da cultura do Brasil no início do século XX, através da jornada trágica e simbólica de seu protagonista, Policarpo Quaresma.
1. Crítica à Burocracia e à Política: A obra também critica de forma ácida a burocracia governamental e a política da época. Quaresma, um funcionário público dedicado, vê no seu próprio ambiente de trabalho a ineficiência, a corrupção e a falta de compromisso com o verdadeiro progresso nacional. Sua tentativa de introdução de mudanças e melhorias, como a reforma da língua, encontra resistência e até mesmo escândalo por parte dos colegas e superiores, o que reflete a falta de vontade política para reformas reais.
2. A Dualidade Cultural: Lima Barreto aborda a questão da dualidade cultural no Brasil, representada pelo contraste entre a cultura europeia e a cultura nativa. Quaresma, em seu desejo de promover a língua tupi-guarani, simboliza a busca por uma identidade cultural autêntica e a valorização das raízes brasileiras em oposição à influência europeia dominante na época. Essa dualidade cultural é uma temática recorrente na literatura brasileira e ganha destaque nessa obra.
3. Personagens Complexos: Além de Policarpo Quaresma, os personagens secundários são igualmente fascinantes. O Major Trombudo, com suas ambições políticas e sua postura pragmática, representa a elite conservadora, enquanto Olga, a mulata por quem Quaresma se apaixona, personifica a beleza e a diversidade cultural do Brasil. Esses personagens são usados por Lima Barreto para ilustrar diferentes facetas da sociedade brasileira da época.
4. Crítica à Elite: A elite brasileira é alvo de uma crítica contundente na obra. A resistência à mudança, o preconceito cultural e a defesa dos interesses próprios em detrimento do bem comum são retratados de forma cáustica.