“O Pagador de Promessas” é uma peça teatral escrita por Dias Gomes em 1960. A obra retrata a história de Zé do Burro, um humilde agricultor do interior da Bahia, que faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar seu burro doente.
A narrativa se desenrola a partir do momento em que Zé, ao ver seu animal curado, decide cumprir a promessa carregando uma pesada cruz do campo até a igreja local, buscando acesso ao interior da mesma para pagar sua dívida com a santa.
No entanto, Zé enfrenta a resistência da igreja, que se recusa a permitir a entrada da cruz no templo devido a questões dogmáticas. A peça aborda temas como fé, intolerância religiosa e o embate entre tradição e modernidade.
A jornada de Zé do Burro se torna um embate simbólico entre o indivíduo e as instituições estabelecidas, representadas pela Igreja Católica. Seu desejo de cumprir a promessa é obstaculizado pela burocracia eclesiástica e pela rigidez das tradições religiosas.
Ao longo da trama, Zé recebe apoio de alguns personagens, como sua esposa Rosa e o jornalista liberal Bonfim, que veem na luta do protagonista uma causa justa. Por outro lado, enfrenta a oposição de figuras como o padre Olavo, representante da igreja conservadora.
A história culmina em um desfecho trágico, quando Zé, diante da recusa da igreja em aceitar sua promessa, acaba sendo vítima da violência e da intolerância, demonstrando os limites da fé e os conflitos sociais presentes na sociedade brasileira.
“O Pagador de Promessas” é uma crítica contundente à hipocrisia e à falta de compaixão das instituições religiosas, além de uma reflexão sobre a condição do homem simples diante das estruturas de poder estabelecidas.
A peça de Dias Gomes foi adaptada para o cinema em 1962, em um filme dirigido por Anselmo Duarte, que recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, contribuindo para popularizar a obra e torná-la um marco do teatro e do cinema brasileiro.
Com diálogos marcantes e personagens emblemáticos, “O Pagador de Promessas” permanece como uma obra relevante, que aborda questões atemporais sobre fé, justiça social e a luta do indivíduo contra as estruturas de poder opressoras.