“As Intermitências da Morte” é um romance que mistura ficção e reflexão filosófica, escrito pelo renomado autor português José Saramago. A história começa quando, em um país não identificado, a morte simplesmente deixa de acontecer — as pessoas param de morrer misteriosamente, o que causa uma série de efeitos inesperados na sociedade.
No início, a ausência da morte é celebrada como uma bênção. Ninguém mais perde entes queridos, famílias permanecem unidas e as pessoas vivem sem o temor do fim. No entanto, essa nova realidade rapidamente gera problemas graves, pois o ciclo natural da vida é interrompido.
Com a imortalidade forçada, a população começa a crescer de maneira insustentável, o que cria dificuldades para serviços básicos como saúde, previdência social, moradia e alimentação. O governo e a sociedade entram em crise diante de um futuro onde ninguém pode partir e a velhice se torna um fardo pesado.
No meio desse caos, a própria morte aparece como personagem no romance. Ela se mostra confusa e angustiada, decidindo intervir de forma seletiva, enviando cartas para avisar quem será a próxima pessoa a morrer. Essa mudança gera suspense e incerteza na população.
Saramago utiliza essa situação absurda para fazer uma profunda reflexão sobre a vida, a morte, a finitude e o sentido da existência humana. O autor questiona a valorização da vida e o impacto da morte na definição do que somos.
Além disso, a obra aborda temas como o poder, a burocracia e as instituições sociais que tentam controlar ou lidar com a morte e suas consequências. A narrativa crítica também traz uma ironia característica do estilo de Saramago, que mistura humor e melancolia.
O relacionamento entre a morte e um músico, que é um dos poucos que recebe suas cartas, acrescenta uma dimensão humana e poética à trama. Essa ligação mostra que, mesmo na inevitabilidade da morte, há espaço para o afeto e para a compreensão da condição humana.
Ao longo do livro, o autor propõe que a morte é parte essencial da vida e que sua ausência pode ser mais uma maldição do que uma bênção, pois limita a renovação, a esperança e o sentido do tempo.
Em suma, “As Intermitências da Morte” é uma obra rica em simbolismos e provocações, onde José Saramago convida o leitor a pensar sobre os limites da existência, o valor do fim e o papel da morte na definição do que é viver.