“Noite na Taverna”, de Álvares de Azevedo, é uma obra clássica do romantismo brasileiro, marcada pelo tom sombrio e pela estética ultrarromântica. Publicado postumamente em 1855, o livro apresenta uma narrativa cheia de mistério, paixões intensas e reflexões existenciais.
A trama principal se passa em uma taverna, onde um grupo de amigos — Solfieri, Bertram, Johann, Gennaro e Claudius Hermann — se reúne para beber e compartilhar histórias de suas vidas. Cada personagem narra um episódio marcante, geralmente envolto em tragédias, crimes e amores frustrados, refletindo os temas do romantismo sombrio.
A primeira história, narrada por Solfieri, apresenta uma atmosfera macabra ao descrever seu amor obsessivo por uma mulher misteriosa, que culmina em uma revelação aterradora. A relação entre desejo e morte é central nessa narrativa, antecipando o tom das demais.
Bertram traz à tona um relato de sedução e traição, envolvendo uma mulher casada e um desfecho violento. Sua história destaca o lado mais destrutivo das paixões humanas, carregado de fatalismo e culpa.
Johann narra um episódio vivido em uma noite de excessos, envolvendo uma jovem de beleza enigmática. O conto reflete as contradições de sua alma, oscilando entre o desejo e o arrependimento.
Gennaro traz um relato cheio de decadência e tragédia, envolvendo amor incestuoso e consequências devastadoras. Essa história destaca o sofrimento e a angústia como elementos centrais na vida dos personagens.
Por fim, Claudius Hermann narra um episódio marcado pela violência e pela busca desesperada por redenção, encerrando a noite com um clima de morbidez e reflexões sobre a natureza humana.
O livro é permeado por um estilo poético e introspectivo, característico de Álvares de Azevedo. As descrições detalhadas criam uma atmosfera densa, e os diálogos refletem o pessimismo e a melancolia típicos do autor.
Além das histórias individuais, “Noite na Taverna” também explora a interação entre os narradores, que, embriagados, filosofam sobre a vida, o amor e a morte. A taverna se torna um espaço simbólico, onde os personagens revelam suas almas atormentadas.
Com um final inesperado, que questiona a veracidade das narrativas, “Noite na Taverna” é uma obra essencial para compreender o ultrarromantismo brasileiro. Álvares de Azevedo combina lirismo e morbidez, criando um livro que permanece fascinante e provocativo.