“A Língua de Eulália” é uma obra seminal de Marcos Bagno, publicada em 1997, que aborda de forma crítica e acessível questões relacionadas ao preconceito linguístico no Brasil. O livro é estruturado em três partes distintas, onde o autor discute a história da língua portuguesa, as ideias linguísticas tradicionais e as perspectivas sociolinguísticas contemporâneas.
Na primeira parte, Bagno traça um panorama histórico da língua portuguesa, desde suas origens até sua evolução para o português falado no Brasil. Ele destaca a diversidade linguística presente no país, resultado de influências indígenas, africanas e europeias, e como essa diversidade é frequentemente ignorada ou marginalizada.
A segunda parte do livro explora as concepções tradicionais sobre a língua, revelando mitos e preconceitos arraigados na sociedade brasileira. Bagno desconstrói ideias como a superioridade do português culto sobre as variantes populares e regionais, demonstrando como essas noções contribuem para a exclusão social e a manutenção de hierarquias injustas.
Na terceira parte, o autor introduz o conceito de “preconceito linguístico” e discute suas manifestações na educação, na mídia e na vida cotidiana. Ele argumenta que o preconceito linguístico é uma forma de discriminação tão nociva quanto o preconceito racial ou de gênero, e defende a necessidade de valorizar todas as formas de expressão linguística.
Ao longo do livro, Bagno utiliza exemplos concretos e linguagem acessível para ilustrar seus argumentos, tornando o debate sobre linguagem e preconceito mais próximo do leitor comum. Ele também oferece sugestões práticas para combater o preconceito linguístico, tanto no âmbito individual quanto institucional.
“A Língua de Eulália” se destaca como uma obra pioneira no campo da sociolinguística brasileira, influenciando gerações de estudantes, educadores e linguistas. Sua mensagem sobre a importância da diversidade linguística e o combate ao preconceito continua relevante e urgente, especialmente em um país tão vasto e multicultural como o Brasil.
Em suma, o livro de Marcos Bagno não apenas questiona concepções arraigadas sobre a língua, mas também propõe uma reflexão profunda sobre as relações de poder e exclusão presentes na sociedade brasileira, contribuindo para um debate mais inclusivo e democrático sobre linguagem e identidade.