“A Ladeira da Memória”, de Orígenes Lessa, é uma obra que explora os meandros da memória e da nostalgia por meio da história de um homem que revisita suas lembranças de infância e juventude. O protagonista, ao retornar à sua cidade natal depois de muitos anos, depara-se com a transformação física e emocional do lugar, o que o leva a um mergulho em suas memórias, tentando recuperar o que foi perdido com o tempo.
A narrativa é construída em torno de uma ladeira, que simboliza o trajeto da vida, com seus altos e baixos. Subir e descer a ladeira torna-se uma metáfora para as recordações do passado, os momentos de felicidade e tristeza, as esperanças e desilusões. Orígenes Lessa utiliza a cidade como um cenário quase mítico, onde o presente e o passado se entrelaçam de maneira a fazer o leitor refletir sobre a efemeridade da vida e o impacto das mudanças inevitáveis.
O protagonista revive suas antigas relações, amizades e amores, em uma jornada de autoconhecimento e aceitação. Cada reencontro com figuras do passado desperta diferentes sensações, como saudade, arrependimento ou resignação. A memória, aqui, não é apenas um meio de recordar, mas também uma forma de reavaliar as escolhas que moldaram sua trajetória.
Orígenes Lessa trabalha com sutileza os sentimentos de perda e de passagem do tempo, compondo uma narrativa profundamente humana. A ladeira, que outrora era uma parte vibrante da vida do protagonista, é agora um espaço de silêncio e distância, refletindo como o passado parece tão diferente quando visto à luz do presente.
“A Ladeira da Memória” é uma obra melancólica e poética, que convida o leitor a refletir sobre sua própria história e os caminhos que percorreu. A ladeira representa não apenas o percurso da vida do protagonista, mas também a jornada universal de todos nós em busca de sentido diante das transformações do tempo e da inevitável passagem para a velhice.