“A Lebre e o Galo” de Jean de La Fontaine é uma fábula que apresenta uma lição valiosa sobre a reação exagerada ao medo e como as percepções podem nos enganar, criando situações de perigo inexistentes. A história usa os comportamentos dos animais para simbolizar a natureza humana, uma marca característica das fábulas de La Fontaine.
Na trama, uma lebre, conhecida por ser um animal medroso e sempre vigilante, vivia constantemente em alerta, com medo dos predadores. Um dia, ao tentar descansar em um campo tranquilo, a lebre é subitamente despertada pelo canto estridente de um galo, que parecia ecoar pelo ambiente de forma ameaçadora. Ao ouvir o som inesperado, a lebre não se dá ao trabalho de verificar a origem ou avaliar se o galo realmente representava algum perigo. Em vez disso, ela entra em pânico e foge desesperadamente, movida pelo medo.
O galo, por outro lado, estava apenas cumprindo sua rotina diária, sem a intenção de assustar ou prejudicar a lebre. O som de seu canto, natural e inofensivo, se tornou um gatilho para a lebre, que fugiu sem parar para pensar. Ao longo de sua fuga, outros animais observaram a reação da lebre e, sem saber do que se tratava, também começaram a fugir, criando uma cadeia de pânico desnecessário.
Essa fábula destaca a importância de lidar com o medo de forma racional. A lebre, ao não avaliar a situação com calma, acabou se rendendo a um pânico infundado, e sua fuga desenfreada acabou influenciando outros animais a fazerem o mesmo. La Fontaine nos mostra que, muitas vezes, o medo exagerado pode ser mais prejudicial do que o perigo real, gerando um ciclo de reações desproporcionais e desnecessárias.
A moral da história está em como o medo irracional pode distorcer nossa percepção da realidade, fazendo-nos ver ameaças onde não existem. Além disso, ressalta a importância de se manter calmo e racional diante de situações que, à primeira vista, parecem assustadoras, mas que, com uma análise mais cuidadosa, podem revelar-se inofensivas. O comportamento da lebre serve como um alerta para a necessidade de discernir entre perigos reais e imaginários, uma lição que se aplica tanto às situações cotidianas quanto aos desafios maiores da vida.
Por fim, La Fontaine reforça a ideia de que o medo, se não for controlado, pode se espalhar para outros, criando um ambiente de pânico coletivo. A fábula nos convida a refletir sobre como muitas vezes nossas reações impulsivas podem influenciar aqueles ao nosso redor, gerando consequências amplificadas de algo que, originalmente, era insignificante.