“A Capital Federal”, peça escrita por Artur Azevedo, é uma comédia de costumes lançada em 1897 que satiriza a vida na recém-inaugurada cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Azevedo, um dos mais importantes dramaturgos do país, usa sua obra para criticar a sociedade brasileira do final do século XIX, retratando com humor e ironia as contradições, os vícios e as aspirações daquela época.
Na peça, Azevedo explora a vida de diferentes personagens da alta sociedade e da política, mostrando como a mudança para a nova capital trouxe a expectativa de modernização e progresso, mas também evidenciou problemas como o oportunismo, a corrupção e o deslumbramento da elite com os costumes europeus. O autor constrói cenas que expõem a busca incessante dos personagens por prestígio social, status e poder, em um contexto de transformações culturais e políticas.
Através de diálogos ágeis e caricaturas bem-humoradas, Azevedo critica os valores da elite urbana, que, segundo ele, ainda eram presos a um conservadorismo disfarçado por uma fachada de modernidade. Em especial, o autor aborda a futilidade das relações sociais e a artificialidade com que se importavam e imitavam modas estrangeiras, revelando uma sociedade que aspirava ao progresso, mas que ainda carregava práticas antiquadas e preconceituosas.
“A Capital Federal” é, ao mesmo tempo, um reflexo e uma crítica da sociedade da época, e ainda hoje permanece relevante ao mostrar como as relações de poder e status social podem ser superficiais e volúveis. Azevedo, com sua habilidade para o humor crítico, consegue fazer uma análise perspicaz das dinâmicas sociais brasileiras, revelando um Brasil que, embora aspire ao desenvolvimento, precisa lidar com suas contradições internas.