“O Vampiro de Curitiba” , de Dalton Trevisan, é uma coletânea de contos publicada em 1965 que explora os aspectos sombrios e complexos da vida cotidiana na cidade de Curitiba. Com seu estilo inconfundível, caracterizado pela linguagem enxuta, direta e repleta de sarcasmo, Trevisan mergulha nas profundezas da psicologia de seus personagens, revelando o lado obscuro e as perversões ocultas sob a superfície da sociedade urbana.
O personagem principal, o “vampiro” titular, é um anti-herói que simboliza o isolamento e a decadência moral. Esse “vampiro” não é um ser sobrenatural, mas um homem comum que busca saciar suas próprias frustrações e desejos em encontros casuais e em relacionamentos marcados pela solidão e pela falta de sentido. A figura do vampiro é uma metáfora poderosa para a exploração do comportamento humano, representando tanto o impulso predatório quanto o vazio existencial de quem vive em uma sociedade indiferente.
Trevisan observa com precisão os costumes e as hipocrisias dos habitantes da cidade, expondo a face sombria do cotidiano. Seus contos abordam temas como desejo, traição, violência e solidão, tudo com uma dose de cruz e ironia que transforma o ordinário em algo perturbador. Através de histórias breves e impactantes, o autor retrata as paixões humanas com um olhar clínico e desiludido.
A obra é emblemática da literatura de Dalton Trevisan e permanece relevante por sua capacidade de desafiar as normas sociais e literárias, fazendo uma crítica incisiva à superficialidade e aos preconceitos da sociedade. “O Vampiro de Curitiba” é, assim, uma obra que não apenas retrata o particular de uma cidade, mas também revela a condição humana em toda sua complexidade e contradição, consolidando Trevisan como um dos grandes mestres da literatura brasileira.