“Os Meninos da Rua Paulo” é um clássico da literatura juvenil húngara, escrito por Ferenc Molnár em 1907. A história se passa em Budapeste e gira em torno de um grupo de garotos que luta para defender seu terreno de brincadeiras — um lote vazio — considerado por eles como um espaço sagrado.
O grupo da Rua Paulo é liderado por Boka, um menino sensato e justo, respeitado por todos. Junto com seus amigos — incluindo o frágil e leal Ernö Nemecsek — eles se dedicam à “Sociedade” que criaram para organizar jogos e proteger o “grande terreno” onde constroem amizades e simulam batalhas infantis.
Esse espaço, no entanto, é cobiçado pelos “Camisas Vermelhas”, um grupo rival liderado por Feri Áts, que se reúne no Jardim Botânico e deseja tomar posse do terreno dos meninos da Rua Paulo. Surge, então, um conflito simbólico entre dois mundos: o da honra e o da força, o da amizade e o da dominação.
Os meninos da Rua Paulo, apesar de serem em menor número e mais frágeis, decidem enfrentar os Camisas Vermelhas com coragem e estratégia. O conflito se intensifica quando ocorre um episódio de traição e espionagem, obrigando Boka e os outros a planejarem uma batalha “oficial” para defender o que acreditam ser seu direito.
Ernö Nemecsek, o mais fraco fisicamente, mas o mais corajoso entre eles, desempenha um papel heroico na história. Mesmo sendo constantemente menosprezado por ser o único “soldado raso”, ele prova sua lealdade várias vezes — enfrentando perigos, suportando humilhações e desafiando sua própria saúde debilitada.
A batalha entre os grupos ocorre com tática e disciplina, como se fosse uma guerra de verdade. Os meninos da Rua Paulo conseguem sair vitoriosos, graças ao esforço coletivo e à bravura de Nemecsek. No entanto, a vitória tem um alto preço.
Nemecsek adoece gravemente por causa dos sacrifícios feitos em nome da lealdade ao grupo. Sua morte, ao final da narrativa, confere um tom trágico à história e transforma o livro em uma reflexão sobre a perda da inocência, o heroísmo silencioso e a dureza da vida.
Ferenc Molnár constrói um retrato comovente da infância, onde jogos e brincadeiras se tornam símbolos de valores maiores — como honra, sacrifício, amizade e lealdade. Ao mesmo tempo, denuncia a rigidez das estruturas sociais e o preço cruel que muitas vezes acompanha o ato de ser verdadeiro num mundo injusto.
“Os Meninos da Rua Paulo” é mais do que uma história infantil: é uma parábola sobre coragem, ética e a nobreza silenciosa dos gestos mais simples. Mesmo ambientado em uma realidade distante, o livro permanece atual e impactante para leitores de todas as idades.