“Red Clocks” de Leni Zumas é um romance distópico que explora questões de gênero, liberdade reprodutiva e identidade em uma sociedade americana alternativa onde o aborto é ilegal, a fertilização in vitro é proibida, e a adoção por mulheres solteiras é quase impossível. O livro acompanha as vidas de cinco mulheres cujas histórias se entrelaçam em uma pequena cidade na costa do Oregon, oferecendo uma reflexão profunda e incisiva sobre os direitos das mulheres e a autonomia corporal.
A narrativa é contada sob múltiplas perspectivas, cada uma representando diferentes facetas da experiência feminina. Entre as protagonistas está Ro, uma professora de história que está escrevendo a biografia de uma exploradora polar do século XIX, enquanto luta contra a pressão do tempo para engravidar antes que sua janela biológica se feche. Eivør, a exploradora que Ro estuda, serve como uma figura histórica inspiradora, cuja vida de desafios e conquistas contrasta com as lutas das mulheres contemporâneas.
Outra personagem central é Gin, uma curandeira que vive à margem da sociedade, acusada de práticas de bruxaria moderna, refletindo a perseguição histórica e contemporânea de mulheres que desafiam as normas sociais. Já Susan, uma dona de casa insatisfeita, luta contra as expectativas de seu papel tradicional e considera escapar de sua vida familiar sufocante.
A quarta personagem é Mattie, uma adolescente brilhante e adotada que descobre estar grávida. Ela enfrenta o dilema de levar adiante uma gravidez indesejada em um mundo onde o aborto é criminalizado, e as opções para seu futuro parecem cada vez mais limitadas. Através de Mattie, Zumas examina o impacto direto das políticas reprodutivas restritivas sobre jovens mulheres.
“Red Clocks” é uma obra que questiona as limitações impostas às mulheres pela sociedade e pelo Estado, mostrando como essas restrições afetam profundamente suas vidas e escolhas. Leni Zumas cria um mundo que, embora distópico, parece perigosamente próximo da realidade, trazendo à tona debates contemporâneos sobre direitos reprodutivos e a autonomia feminina.
O estilo literário de Zumas é lírico e poético, com uma estrutura narrativa que alterna entre as vozes das protagonistas, oferecendo um panorama multifacetado das experiências femininas. O romance é ao mesmo tempo um grito de alerta e uma meditação sobre a resistência e a resiliência, explorando o que significa ser mulher em um mundo onde as escolhas pessoais são constantemente vigiadas e controladas. “Red Clocks” é uma leitura provocante e poderosa, que desafia o leitor a refletir sobre as consequências das políticas que regulam o corpo e as vidas das mulheres.