No livro A Cruz de Cristo, John Stott apresenta uma das reflexões mais profundas e abrangentes sobre o significado da cruz dentro do cristianismo. Considerada sua obra-prima, a obra busca responder à pergunta central: por que a cruz é o coração da fé cristã? Stott parte do princípio de que a cruz não é apenas um evento histórico, mas a revelação suprema do amor e da justiça de Deus, sendo o centro da salvação e da vida espiritual.
Desde as primeiras páginas, o autor destaca que a cruz não pode ser reduzida a um símbolo religioso ou a um mero acontecimento da história. Para ele, trata-se de um acontecimento cósmico, que reúne a reconciliação entre Deus e a humanidade. Stott analisa como a cruz foi compreendida ao longo dos séculos, tanto pelos primeiros cristãos como pelos grandes pensadores da tradição teológica, sempre ressaltando sua atualidade e relevância para os dias de hoje.
Um dos pontos centrais da obra é a explicação da cruz como substituição. John Stott defende a ideia de que Cristo morreu em nosso lugar, assumindo sobre si o peso do pecado humano e oferecendo reconciliação por meio de sua entrega. Esse conceito de substituição penal é discutido de forma detalhada, com base em textos bíblicos, mostrando como Jesus satisfez a justiça divina e, ao mesmo tempo, revelou a profundidade do amor de Deus.
Além da dimensão teológica, o autor também destaca o caráter prático da cruz na vida cristã. Para ele, a cruz não é apenas o fundamento da salvação, mas também um chamado para o discipulado. O seguidor de Cristo é convidado a viver segundo o espírito de renúncia, humildade e amor sacrificial que a cruz representa. Assim, a cruz se torna um modelo de vida e não apenas um evento do passado.
Outro aspecto relevante explorado por Stott é a vitória da cruz. Ele mostra que, ao morrer, Jesus não apenas derrotou o pecado, mas também venceu o mal e as forças espirituais da escuridão. A cruz, portanto, não é apenas sofrimento e morte, mas também triunfo e esperança, apontando para a ressurreição e para a vida eterna.
O livro também aborda a reconciliação comunitária trazida pela cruz. Para John Stott, a obra de Cristo não une apenas Deus e humanidade, mas também as pessoas entre si. A cruz derruba barreiras sociais, raciais e culturais, chamando todos para uma nova família de fé fundamentada no sacrifício de Jesus.
Com uma escrita clara, bíblica e profundamente pastoral, Stott equilibra erudição e espiritualidade. Ele recorre tanto à exegese das Escrituras quanto a reflexões práticas e exemplos históricos, o que torna o livro acessível a estudiosos e também a leitores em busca de aprofundamento espiritual.
Por fim, A Cruz de Cristo é uma obra que reafirma a centralidade da cruz como fundamento da fé cristã. John Stott nos lembra de que não há cristianismo verdadeiro sem a cruz, e que dela nasce tanto a esperança de redenção quanto o chamado à transformação da vida. É um livro que convida à reflexão, à gratidão e à vivência diária do evangelho de Cristo.