Publicado em 1998, Os Detetives Selvagens é um dos romances mais aclamados do escritor chileno Roberto Bolaño. A obra mistura aventura, mistério e reflexões sobre literatura, acompanhando a trajetória de jovens poetas que buscam um ideal artístico enquanto vivem experiências intensas pelo mundo.
A narrativa é dividida em três partes. A primeira, Mexicanos Perdidos em México (1975), é contada através do diário de Juan García Madero, um jovem poeta de 17 anos que se junta ao grupo Realismo Visceral, um movimento literário liderado pelos enigmáticos Arturo Belano e Ulises Lima. Entre festas, discussões sobre poesia e romances conturbados, o grupo decide partir em busca da poetisa Cesárea Tinajero, uma figura quase mitológica da vanguarda mexicana dos anos 1920.
A segunda parte, Os Detetives Selvagens (1976-1996), abandona a estrutura de diário e adota múltiplas vozes narrativas. São relatos de diferentes personagens ao longo de 20 anos, que reconstroem, de maneira fragmentada, a jornada de Belano e Lima por diversos países, incluindo Israel, França, Espanha e África. A busca pela poetisa Cesárea se torna um pretexto para explorar temas como exílio, fracasso, violência e a obsessão pelo ideal literário.
Na terceira e última parte, Deserto de Sonora (1976), retorna-se ao diário de García Madero, revelando o desfecho da busca por Cesárea Tinajero no deserto mexicano. O encontro final, no entanto, não traz respostas definitivas, apenas reforça o tom melancólico da obra e a sensação de que a vida dos personagens é movida por uma busca infinita e, muitas vezes, sem sentido.
Os Detetives Selvagens é uma celebração da literatura, da juventude e da rebeldia, mas também uma reflexão sobre a passagem do tempo e a inevitável desilusão que acompanha o amadurecimento. Com um estilo narrativo dinâmico e experimental, Roberto Bolaño constrói uma obra intensa, repleta de personagens memoráveis e marcada por uma atmosfera de mistério e desolação.