A fábula O Camundongo do Campo e o Camundongo da Cidade, escrita por Esopo na Antiguidade Clássica, é uma narrativa alegórica que convida à reflexão sobre os diferentes estilos de vida e as escolhas que fazemos em busca de felicidade, segurança e bem-estar. Com personagens antropomorfizados — dois camundongos — Esopo traça um retrato vívido da oposição entre o campo e a cidade, entre o conforto arriscado e a simplicidade segura.
A história começa com a visita do camundongo da cidade à casa do camundongo do campo. Lá, ele se depara com uma vida modesta: a alimentação é feita de raízes, sementes e frutas secas; o lar é simples, mas acolhedor; e o ambiente é calmo, longe de perigos. O camundongo citadino, porém, despreza tal estilo de vida, considerando-o pobre e sem graça. Com isso, convida seu primo a conhecer as maravilhas da cidade, onde, segundo ele, o luxo, a fartura e a sofisticação compensariam qualquer esforço.
Ao chegarem à cidade, os dois camundongos encontram uma casa suntuosa, cheia de comida saborosa e iguarias, deixadas nas mesas de banquetes dos humanos. Mas antes que possam saborear os quitutes com tranquilidade, são interrompidos por ruídos de passos, cães latindo e portas batendo. O medo é constante. O camundongo do campo, apavorado com a insegurança e o ritmo frenético da vida urbana, percebe que não há prazer na abundância quando se vive sob ameaça constante. Ele então decide retornar à sua vida simples no campo, preferindo a paz e a segurança à ostentação perigosa da cidade.
A fábula termina com uma lição moral clara: “Antes pão seco em paz do que manjares com medo.” Esopo, com seu estilo direto e simbólico, oferece uma crítica atemporal à busca desenfreada por luxo e status, mostrando que uma vida modesta, porém tranquila, pode ser mais satisfatória do que uma existência repleta de riscos e tensões. Esta narrativa é frequentemente usada como metáfora para refletir sobre escolhas pessoais, consumismo, qualidade de vida e os verdadeiros valores que sustentam a felicidade.