“O Mestre e Margarida”, de Mikhail Bulgakov, é uma das obras mais icônicas da literatura russa, combinando realismo, sátira, fantasia e elementos filosóficos. Escrito entre 1928 e 1940, o livro só foi publicado postumamente na União Soviética, em 1966, devido à sua crítica ao regime stalinista e à sociedade da época.
A história se passa em Moscou nos anos 1930, quando o diabo, sob o disfarce do misterioso professor Woland, chega à cidade acompanhado de seu bizarro séquito, incluindo o cínico e sarcástico gato falante Behemoth. Com seus truques sobrenaturais, eles expõem a hipocrisia e a corrupção da elite intelectual e política soviética.
Paralelamente, o romance segue a trajetória do Mestre, um escritor cuja obra sobre Pôncio Pilatos foi rejeitada e destruída, levando-o ao desespero e ao internamento em um hospital psiquiátrico. Sua amante, Margarida, determinada a salvá-lo, faz um pacto com Woland e se torna a rainha de seu baile satânico.
Ao longo do livro, Bulgakov entrelaça diferentes linhas narrativas, incluindo uma impressionante recriação do julgamento e da crucificação de Jesus Cristo, apresentado na versão do próprio Pôncio Pilatos. Esse relato histórico contrasta com os eventos caóticos e surrealistas em Moscou, criando um jogo entre o sagrado e o profano.
A obra critica a repressão artística e a censura soviética, retratando um mundo onde o absurdo se torna norma e a verdade é constantemente distorcida. O destino do Mestre reflete o próprio sofrimento do autor, que lutou contra a perseguição e a censura durante sua vida.
Margarida se destaca como uma das personagens femininas mais marcantes da literatura russa. Sua força, paixão e sacrifício a transformam em uma heroína trágica e romântica, contrastando com a covardia e a mediocridade dos burocratas e literatos de Moscou.
Bulgakov combina humor negro e magia para revelar a fragilidade da realidade e a inevitabilidade da justiça. Ao final, o Mestre e Margarida encontram sua redenção, escapando do mundo terreno para um destino misterioso e poético, enquanto Woland parte, deixando Moscou em ruínas espirituais.
“O Mestre e Margarida” continua a ser um clássico atemporal, desafiando leitores com sua mistura de realismo e fantasia, sua crítica social e sua profunda reflexão sobre o amor, o poder e a liberdade.