“Era uma vez em Hollywood”, de Quentin Tarantino, é uma adaptação literária de seu aclamado filme homônimo. Com uma abordagem mais aprofundada dos personagens e eventos, o livro expande o universo do longa-metragem e oferece novas perspectivas sobre a Hollywood dos anos 1960.
A história acompanha Rick Dalton, um ator de televisão em decadência que busca revitalizar sua carreira em meio às transformações da indústria cinematográfica. Ao seu lado está Cliff Booth, seu dublê e amigo leal, cuja vida enigmática e passado misterioso são explorados com mais detalhes no livro.
Tarantino mergulha nos bastidores da era de ouro de Hollywood, apresentando referências a diretores, filmes e séries da época. Ele retrata o contraste entre o glamour da indústria e a realidade muitas vezes cruel enfrentada por artistas que tentam se manter relevantes.
Diferente do filme, o romance oferece uma visão mais detalhada sobre a jovem atriz Sharon Tate. Através de passagens que exploram sua rotina, sonhos e inocência, Tarantino humaniza sua figura além do trágico destino que a tornou famosa.
Um dos aspectos mais interessantes do livro é a liberdade narrativa que Tarantino assume. Ele reestrutura eventos, amplia histórias secundárias e adiciona novas cenas, dando profundidade ao enredo e tornando a leitura surpreendente até mesmo para quem já assistiu ao filme.
Cliff Booth, por exemplo, recebe um desenvolvimento mais intenso, revelando seu passado sombrio e a complexidade de sua personalidade. O leitor conhece sua visão cínica sobre Hollywood e sua relação peculiar com Rick Dalton, que mistura amizade, lealdade e dependência emocional.
A violência, marca registrada de Tarantino, também se faz presente no livro, mas de maneira menos estilizada do que no cinema. Em vez disso, o autor aposta em uma escrita carregada de ironia, diálogos afiados e descrições imersivas que transportam o leitor para Los Angeles nos anos 1960.
Outro destaque é o desfecho, que no livro ganha novos contornos. Sem a necessidade de seguir as regras do cinema, Tarantino experimenta diferentes maneiras de apresentar o clímax da história, deixando um impacto diferente do filme.
Ao final, “Era uma vez em Hollywood” se estabelece como uma obra que vai além de uma simples novelização. Com seu estilo irreverente e conhecimento enciclopédico sobre cinema, Tarantino cria um romance que funciona tanto como uma homenagem à época quanto como uma leitura essencial para os fãs de sua obra.