Publicado em 1932, King Kong, escrito por Delos W. Lovelace, é a novelização oficial do clássico do cinema, concebido por Merian C. Cooper e Edgar Wallace. A obra transporta para a literatura uma das narrativas mais emblemáticas da cultura popular: a história da expedição a uma ilha misteriosa e do encontro com um ser colossal, um gorila gigante que simboliza tanto a brutalidade quanto a vulnerabilidade.
O enredo começa com o cineasta Carl Denham, um homem ambicioso em busca de um grande sucesso cinematográfico. Para isso, ele organiza uma expedição rumo a uma ilha remota, chamada Skull Island, cuja existência é cercada de segredos e lendas. Para estrelar seu filme, Denham recruta a jovem atriz Ann Darrow, uma mulher bela e carismática, que se tornará peça central na trama.
Ao chegarem à ilha, a equipe descobre uma civilização primitiva que cultua uma divindade misteriosa chamada Kong. Fascinados pela presença de Ann, os nativos decidem oferecê-la em sacrifício ao poderoso gorila gigante. É nesse momento que Ann e Kong estabelecem uma conexão única, marcada pelo contraste entre a ferocidade do monstro e a sua capacidade de afeição.
A narrativa avança com uma série de aventuras na selva, em que a equipe enfrenta criaturas pré-históricas e perigos mortais, destacando o caráter fantástico da obra. A captura de Kong por Denham é um ponto crucial, pois revela o conflito entre a exploração humana e a natureza selvagem. O gorila, dominado pela ambição dos homens, é levado à civilização como espetáculo.
Em Nova York, Kong é exibido como “a oitava maravilha do mundo”, mas o plano se transforma em tragédia. O gigante escapa, espalhando caos pela cidade enquanto busca Ann, a única figura com quem demonstrara laços de proteção e carinho. Essa fuga culmina na famosa cena do gorila escalando o Empire State Building, um dos ícones mais poderosos da narrativa.
A morte de Kong, abatido por aviões no topo do edifício, sela o desfecho trágico da história. A célebre frase de Denham – “Não foram os aviões, foi a bela que matou a fera” – sintetiza a essência simbólica da obra: a ideia de que a força mais devastadora não é a violência, mas a atração irresistível entre o selvagem e o civilizado, entre a inocência e o desejo de posse.
Assim, King Kong, de Delos W. Lovelace, transcende o simples enredo de aventura. É uma metáfora sobre os limites da ambição humana, a exploração da natureza e a dualidade entre poder e fragilidade. Ao transformar a fera em uma figura trágica, a obra consagra um dos mitos modernos mais duradouros, que continua a inspirar releituras em diversas mídias até hoje.