“Atos de Paulo e Tecla” é um antigo texto cristão apócrifo que narra a história da conversão e dos desafios enfrentados por Tecla, uma jovem nobre de Icônio, após ouvir a pregação do apóstolo Paulo. Datado do século II, o texto faz parte dos chamados Atos Apócrifos dos Apóstolos, sendo uma das primeiras narrativas cristãs a destacar o papel ativo de uma mulher na propagação do Evangelho.
A história começa quando Tecla, prometida em casamento a um jovem rico, ouve Paulo pregando sobre a castidade e a renúncia aos prazeres mundanos. Profundamente impactada, ela decide romper seu noivado para seguir os ensinamentos cristãos, causando a fúria de sua família e do noivo, que a denunciam às autoridades locais.
Tecla é condenada à morte por fogo, mas milagrosamente sobrevive quando uma tempestade apaga as chamas. Ela foge para Antioquia, onde enfrenta novas ameaças ao ser assediada por um governante local. Acusada injustamente, é novamente condenada, desta vez a ser devorada por feras no anfiteatro. No entanto, os animais se recusam a atacá-la, interpretado como mais um sinal de intervenção divina.
Diante dos milagres que a protegem, Tecla é libertada e segue sua jornada de fé. Eventualmente, ela se torna uma pregadora cristã respeitada, desafiando as normas da sociedade patriarcal ao assumir um papel semelhante ao de um apóstolo. Seu exemplo de coragem, fé e compromisso com a castidade a tornaria uma figura central no cristianismo primitivo, sendo amplamente venerada como santa ao longo da história.
O texto enfatiza temas como a renúncia aos bens materiais, a força da fé e o protagonismo feminino na difusão do cristianismo. Embora não tenha sido incluído no cânone bíblico, Atos de Paulo e Tecla exerceu grande influência nas tradições cristãs orientais e ocidentais, inspirando relatos hagiográficos e a devoção a Tecla como um modelo de santidade e resistência.
Além de seu valor religioso, o escrito também é significativo para estudos sobre o papel das mulheres no cristianismo primitivo, oferecendo uma perspectiva alternativa às narrativas predominantes nos textos canônicos. A figura de Tecla continua sendo objeto de interesse acadêmico e devocional, representando uma das primeiras heroínas cristãs a desafiar as convenções sociais e religiosas de sua época.