“Além do Horizonte Perdido”, de Carla Rezende, é uma envolvente narrativa contemporânea que mistura drama, introspecção e superação. A obra acompanha a jornada de uma protagonista em busca de sentido, enfrentando perdas, escolhas difíceis e o reencontro com a própria identidade.
A história gira em torno de Elena, uma mulher que, após uma tragédia pessoal, decide se afastar da cidade grande e se refugiar em um vilarejo esquecido, onde o tempo parece correr mais devagar. É nesse cenário aparentemente simples que ela começa a confrontar suas memórias, seus medos e as feridas do passado.
Carla Rezende constrói a narrativa com uma linguagem sensível, marcada por descrições poéticas e reflexões existenciais. O horizonte perdido do título simboliza não apenas um lugar geográfico, mas o estado emocional de Elena, que precisa ressignificar sua própria história para reencontrar o caminho.
Ao longo da trama, a protagonista conhece personagens locais que desempenham papéis fundamentais em sua jornada de reconstrução — um pescador solitário, uma senhora que cultiva flores e um menino órfão que a ensina a olhar o mundo com esperança. Cada um deles contribui para o renascimento emocional de Elena.
A autora utiliza a metáfora da paisagem para falar de temas como luto, perdão, recomeços e transformação interior. As cenas à beira do mar, o vento nas colinas e o silêncio das noites reforçam a atmosfera contemplativa e introspectiva do livro.
Um dos pontos altos da obra é o modo como Carla Rezende equilibra dor e beleza. Apesar da tristeza inicial, o livro conduz o leitor por uma curva de cura e otimismo, mostrando que mesmo os horizontes perdidos podem ser reencontrados sob novas formas.
A narrativa é não-linear em alguns momentos, alternando lembranças com o presente da personagem, o que permite aprofundar suas motivações e dar camadas mais densas à sua trajetória emocional. Essa estrutura reforça a sensação de que o tempo interior nem sempre acompanha o tempo do mundo.
Com forte carga simbólica, “Além do Horizonte Perdido” também questiona os limites entre o que deixamos para trás e o que carregamos dentro de nós. A ideia de fronteira — física, emocional e espiritual — permeia o enredo do começo ao fim.
Ao concluir a leitura, o leitor é tocado não só pela jornada de Elena, mas também pelas suas próprias lembranças e inquietações. Carla Rezende entrega um romance sensível e inspirador, que convida à pausa, à escuta e ao olhar mais atento para o que há além das dores e das partidas.