Distrito 9, escrito por Alan Dean Foster, é a adaptação literária do filme de ficção científica dirigido por Neill Blomkamp, que conquistou público e crítica com sua mistura de ação, drama e crítica social. A obra transporta para as páginas todo o impacto visual e narrativo do longa, aprofundando detalhes sobre o mundo e os personagens, além de explorar reflexões mais intensas sobre discriminação, convivência e humanidade.
A história se passa em Joanesburgo, na África do Sul, décadas após a chegada de uma gigantesca nave alienígena. Ao contrário das invasões clássicas da ficção científica, os extraterrestres — conhecidos como “camarões” devido à sua aparência — não vêm para dominar a Terra, mas para sobreviver, já que sua nave está avariada. Eles acabam confinados em uma área precária e superlotada, chamada Distrito 9, vivendo em condições miseráveis e sob constante hostilidade humana.
O protagonista, Wikus van de Merwe, é um funcionário da MNU (Multinational United), uma corporação que gerencia a área e busca controlar a tecnologia alienígena para fins militares. Durante uma operação de realocação forçada dos alienígenas, Wikus entra em contato com uma substância misteriosa, que começa a transformar seu corpo e sua biologia de forma irreversível. Essa metamorfose o coloca na mira tanto da MNU quanto dos próprios alienígenas.
À medida que sua transformação avança, Wikus é forçado a se unir a Christopher Johnson, um alienígena que busca reparar a nave-mãe e retornar ao seu planeta. A improvável aliança entre humano e alienígena expõe a corrupção e a brutalidade da MNU, além de questionar a verdadeira noção de humanidade e empatia.
A narrativa equilibra sequências de ação eletrizantes com momentos de profunda reflexão. Foster amplia o que o filme apenas sugere, explorando os pensamentos de Wikus, o desespero dos alienígenas e a atmosfera opressiva da segregação. O Distrito 9 é descrito com riqueza de detalhes, mostrando não apenas a degradação física do lugar, mas também a degradação moral dos humanos que o administram.
O livro também se destaca por reforçar o pano de fundo político e social, estabelecendo paralelos claros com a história do apartheid sul-africano. A marginalização dos alienígenas se torna um espelho das injustiças humanas, levando o leitor a refletir sobre xenofobia, exploração e preconceito.
No desfecho, a jornada de Wikus é marcada pelo sacrifício e pela ambiguidade. Ele se torna, ao mesmo tempo, vítima e herói, e sua transformação física simboliza uma transformação interior ainda mais profunda. O final aberto deixa espaço para esperança e incerteza, elementos que mantêm o impacto emocional da narrativa.
Com sua prosa envolvente, Alan Dean Foster transforma Distrito 9 em mais do que uma simples adaptação de roteiro: é uma obra que mergulha nas camadas emocionais e políticas da história, tornando a experiência mais completa e reflexiva. Para fãs do filme e leitores de ficção científica, o livro oferece uma oportunidade única de revisitar esse universo por um ângulo ainda mais profundo.