Nova York é o pano de fundo sombrio de O Sexto Sentido, onde ruas iluminadas por luzes artificiais escondem histórias que ninguém quer contar. Ethan Cole, um ex-detetive da divisão de homicídios, carrega nas costas um trauma que o obrigou a abandonar a profissão: uma operação mal calculada que terminou na morte de um inocente. Desde aquele dia, Ethan se afasta de todos, vivendo no limite entre lucidez e esgotamento emocional. É nesse período de isolamento que começa a experimentar um fenômeno estranho — ao tocar certas pessoas ou objetos, fragmentos do passado e do futuro se projetam em sua mente como flashes rápidos e intensos.
No início, Ethan tenta ignorar essa habilidade, acreditando que se trata apenas de sequelas psicológicas de seu trauma. Porém, tudo muda quando, em um encontro casual em um café, ele toca acidentalmente na bolsa de uma mulher e vê, em sua mente, uma imagem vívida de um corpo submerso em água turva. O impacto da visão o deixa perturbado, e a mulher — Mara Jensen — revela ser uma jornalista investigativa que busca pistas sobre desaparecimentos misteriosos que têm ocorrido na cidade.
Mara, cética a princípio quanto ao “dom” de Ethan, decide testá-lo, levando-o a locais relacionados aos casos que investiga. As visões de Ethan tornam-se mais claras e inquietantes, descrevendo detalhes que apenas a polícia deveria conhecer. Ele vê símbolos riscados em paredes, ouve o som incessante de um relógio antigo e percebe uma figura encapuzada que parece observá-lo nas próprias lembranças.
À medida que a investigação avança, Ethan começa a perceber um padrão: cada vítima desapareceu nas proximidades de prédios abandonados da década de 1920, todos ligados a uma antiga sociedade secreta que desapareceu misteriosamente. As visões se tornam cada vez mais violentas, e ele começa a sonhar com o rosto de uma criança que parece pedir ajuda. Esse detalhe o leva a revisitar memórias de sua infância, onde se recorda de um encontro inexplicável com um homem que lhe disse que “um dia ele veria demais”.
O relacionamento entre Ethan e Mara se intensifica, não apenas pelo trabalho conjunto, mas pela tensão emocional gerada pelo fardo que ele carrega. Mara o incentiva a encarar seu passado, mas cada visão o deixa fisicamente mais fraco, como se cada fragmento roubasse parte de sua energia vital. Benioff constrói aqui um retrato intenso de como um dom pode se transformar em maldição, explorando dilemas éticos e a linha tênue entre ajuda e invasão da privacidade alheia.
O ponto de virada ocorre quando Ethan, em uma visão particularmente nítida, vê não apenas o próximo sequestro, mas também o seu próprio corpo caído no chão. O medo de alterar o curso inevitável dos acontecimentos o coloca em conflito: intervir e arriscar a vida ou recuar e permitir que o destino siga seu curso.
O clímax acontece em um edifício abandonado no Brooklyn, onde Ethan e Mara confrontam o criminoso. A revelação é devastadora: o sequestrador é o mesmo homem que Ethan viu quando criança, o qual, de alguma forma, também possui habilidades incomuns e acredita que Ethan é a “última peça” de um jogo que se arrasta há décadas. A luta entre eles é tanto física quanto psicológica, cada um tentando invadir a mente do outro.
No desfecho, Ethan consegue salvar a última vítima, mas ao custo de sua própria sanidade. Suas visões se tornam permanentes, fundindo passado, presente e futuro em um fluxo incontrolável. Mara, comovida, promete cuidar dele, mas percebe que Ethan já vive em uma realidade onde o tempo deixou de ser linear.
O Sexto Sentido é uma narrativa densa e cinematográfica, unindo suspense psicológico, drama humano e uma reflexão inquietante sobre o peso do conhecimento. Benioff oferece diálogos precisos, reviravoltas bem construídas e uma atmosfera que permanece com o leitor muito depois da última página, deixando a pergunta no ar: ver o futuro é realmente uma bênção ou apenas uma forma mais cruel de sofrer?