“The Shape of Water”, escrito por Guillermo del Toro e Daniel Kraus, é um romance que traz uma história envolvente, sombria e ao mesmo tempo poética, misturando elementos de fantasia, horror e romance, com uma forte carga de crítica social e reflexão sobre a natureza humana. O livro é uma adaptação do aclamado filme homônimo dirigido por Guillermo del Toro, que recebeu o Oscar de Melhor Filme em 2018.
A história se passa na década de 1960, durante a Guerra Fria, e acompanha a vida de Elisa Esposito, uma mulher muda que trabalha como faxineira em um laboratório do governo dos Estados Unidos. Elisa leva uma vida solitária, sem grandes perspectivas ou interações sociais significativas, até que sua rotina é interrompida por um misterioso ser aquático que é trazido para o laboratório sob segredo. Esse ser, capturado em uma missão militar no Amazonas, é mantido preso em um tanque de água e tratado com desconfiança e crueldade pelos cientistas e militares.
Elisa, por sua vez, sente uma conexão inexplicável com a criatura, e uma relação de amizade silenciosa começa a se formar entre os dois. O livro explora o desenvolvimento desse vínculo, indo além da empatia para se transformar em um profundo e quase sobrenatural entendimento mútuo. Elisa, que vive em um mundo silencioso, onde a comunicação verbal é limitada, encontra no ser aquático uma forma de expressão e conexão genuína, enquanto ele, por sua vez, parece compreender sua solidão e angústia.
O romance se aprofunda nas emoções e nas motivações de seus personagens principais, destacando não só a relação com o ser misterioso, mas também as interações de Elisa com outras figuras importantes de sua vida, como sua vizinha, uma artista cheia de vida, e o oficial do governo Strickland, um homem de caráter autoritário e cruel, que serve como contraponto à bondade e à inocência de Elisa. A história também apresenta um leque de personagens secundários que, de uma forma ou de outra, refletem a tensão social e política da época, marcada pela discriminação racial, o machismo e as divisões ideológicas da Guerra Fria.
Um dos temas centrais de “The Shape of Water” é a busca pela aceitação e a forma como a sociedade marginaliza o que é considerado diferente. A criatura, assim como Elisa, é vista como um ser fora do comum e, por isso, é tratada com hostilidade e desconfiança. A obra toca em questões como a intolerância, o medo do desconhecido e a capacidade humana de criar barreiras baseadas em preconceitos. Por outro lado, também traz à tona a importância da empatia, da comunicação não-verbal e da quebra de barreiras, seja físicas ou sociais, para que possamos alcançar a verdadeira compreensão e conexão.
O livro também é uma reflexão sobre o poder da arte e da expressão individual. Elisa, uma mulher simples e sem voz no mundo convencional, encontra na arte e na natureza da criatura uma forma de se expressar e encontrar seu propósito. A obra de arte como meio de transcendência é um dos elementos simbólicos que permeiam toda a narrativa, como uma forma de resistência e revelação de um mundo mais complexo do que a realidade cotidiana oferece.
Em sua conclusão, “The Shape of Water” é uma história de amor improvável, mas intensa, que desafia as convenções e as expectativas, levando o leitor a questionar o que realmente define um “monstro” e o que significa ser humano. A obra é também uma poderosa alegoria sobre a busca por liberdade, compreensão e pertencimento em um mundo que frequentemente marginaliza o que é diferente.
Com sua escrita envolvente e rica em simbolismos, “The Shape of Water” é uma leitura tocante e reflexiva, que vai além de um simples conto de fadas moderno, convidando o leitor a refletir sobre as questões sociais, políticas e emocionais que ainda ressoam em nossa sociedade.