Antonio , de Beatriz Bracher, publicado em 2007 pela Editora 34, é um romance polifônico que explora a memória, o trauma e a complexidade das relações familiares no contexto da burguesia paulistana. A narrativa, comparada a Enquanto Agonizo de Faulkner e Crônica da Casa Assassinada de Lúcio Cardoso, acompanha Benjamim, um jovem preparado a ser pai, que descobre um segredo familiar e busca reconstruir a história de sua família. A seguir, apresento um resumo em 9 parágrafos curtos, mantendo um estilo narrativo fluido e conciso, conforme suas instruções.
Benjamim, o protagonista, é movido por uma revelação chocante sobre seu pai, Teodoro, e seu avô, Xavier, que o leva a entrevistar três pessoas próximas: Isabel, sua avó; Haroldo, amigo de seu avô; e Raul, amigo de seu pai. Cada um oferece uma perspectiva distinta, formando um mosaico de memórias fragmentadas. A narrativa, dividida em capítulos que alternam as vozes desses narradores, reflete a subjetividade da verdade.
Isabel, uma professora de literatura, narra com amargura sua vida com Xavier, um homem instável. Sua história revela o esforço de uma família de classe alta, marcada por privilégios e silêncios. A prosa de Bracher, elogiada por sua densidade, capta a voz de Isabel com precisão, misturando nostalgia e ressentimento.
Haroldo, advogado e amigo de Xavier, descreve os projetos excêntricos do patriarca e sua luta contra a loucura. Sua narrativa, detalhada e por vezes confusa, sugere que a insanidade de Xavier era tanto pessoal quanto um reflexo do contexto social. Bracher entrelaça essas memórias com a história do Brasil, dos anos 1950 à ditadura.
Raul, publicitário e amigo de Teodoro, oferece uma visão mais íntima do filho de Xavier, um homem que abandonou São Paulo por uma vida rural, marcada pela paranóia. A história de Teodoro, segundo Raul, é uma tragédia de desconexão, agravada pela repressão da ditadura militar. Sua voz é a mais envolvente, segundo leitores.
Uma narrativa polifônica cria um efeito Rashomon, com contradições que desafiam Benjamim a montar o quebra-cabeça familiar. O segredo, envolve um trauma amoroso entre gerações, par como uma ameaça sobre o futuro de Antonio, filho ainda não nascido de Benjamim. A obra explora loucura como herança genética e social.
Bracher retrata a burguesia paulistana com ironia, expondo suas fissuras morais e preconceitos. A ditadura militar, mencionada sutilmente, molda os destinos dos personagens, refletindo a violência de um Brasil hierárquico. Críticas, como na Publishers Weekly , elogiaram a habilidade de Bracher em conectar o indivíduo ao histórico.
O romance, premiado com o 3º lugar no Jabuti e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, é denso, mas cativante. A tradução de Adam Morris para o inglês (2021, New Directions) ampliou seu alcance, com elogios no New York Times por sua abordagem de traumas familiares. Uma estrutura não linear exige atenção, mas recompensa com profundidade.
Benjamim, embora sem voz direta, emerge nas entrelinhas, um ouvinte tão emocionado quanto o leitor, segundo Rodrigo Lacerda. Sua busca por respostas não oferece certezas, mas expõe a impossibilidade de compreender plenamente a loucura ou o passado. O final, aberto, sugere que Antonio carregue ecos dessa história.
Em resumo, Antonio é uma obra-prima de Beatriz Bracher identidade que disseca a memória e a memória através de uma família marcada por loucura e segredos. Com uma prosa elegante e uma narrativa fragmentada, o romance é um retrato poderoso da sociedade brasileira, essencial para leitores que apreciam literatura introspectiva e histórica.