O Matador , de Patrícia Melo, publicado em 1995 pela Companhia das Letras, é um romance policial que explora a violência urbana e a transformação moral de um jovem da periferia paulistana. Aclamado internacionalmente, venceu os prêmios Deux Océans (França, 1996) e Deutscher Krimi Preis (Alemanha, 1998), foi indicado ao Prix Femina e adaptado para o cinema em 2003 como O Homem do Ano , com roteiro de Rubem Fonseca. A seguir, apresento um resumo em 9 parágrafos curtos, mantendo um estilo narrativo fluido e conciso, conforme suas instruções.
Máiquel, um vendedor de carros usados na Zona Sul de São Paulo, leva uma vida até comumente perder uma aposta de futebol. Como prenda, tinge o cabelo de loiro, um erro que o deixa com uma aparência chamativa, “como cantores de rock ingleses”. Esse evento trivial desencadeia uma série de acontecimentos casuais que mudam sua trajetória.
No bar do Gonzaga, Máiquel é ridicularizado por Suel, um ladrão local. Num impulso de raiva, ele o desafia para um duelo e, apesar de nunca ter usado uma arma, mata Suel com um tiro nas costas. Surpreendentemente, a comunidade o celebra como herói, vendo-o como um juiz que elimina a “escória”. A polícia, indiferente, não o persegue.
A fama de Máiquel cresce. Ele executa sua segunda vítima, um dentista, em troca de tratamento gratuito, iniciando sua carreira como matador de aluguel. Contratado por figurões da classe média alta, ele formou uma agência de extermínio, ganhando respeito e dinheiro. A narrativa, em primeira pessoa, reflete sua confusão entre orgulho e culpa.
A vida amorosa de Máiquel é tão caótica quanto sua violência. Ele se envolve com Cledir, uma vendedora que busca compromisso, e Érica, ex-namorada de Suel, com quem desenvolve uma relação intensa, mas conturbada. Esse triângulo de açúcar alimenta sua instabilidade, misturando amor, ódio e vícios em drogas e álcool.
A prosa de Patrícia Melo é ágil, com diálogos naturais e um tom hardboiled, inspirada em Rubem Fonseca. Sem travessões, uma narrativa imita o fluxo de pensamentos de Máiquel, repleta de gírias, palavrões e referências à cultura pop, como telejornais e propagandas. Essa “promiscuidade discursiva” reflete o caos urbano e a banalidade da violência.
Máiquel, inicialmente perplexo, abraça seu papel de matador, mas sua sanidade se deteriora. Ele alucina, ouve vozes e se torna paranóico, simbolizado pelo desgaste de seus sapatos, que representam sua degeneração moral. A sociedade, que o idolatra, também o manipula, usando-o como um presságio expiatório para seus próprios ódios.
A crítica social de Melo é afiada, expondo a hipocrisia das elites e a falência do sistema judicial. Máiquel, um produto do “código genético social” da periferia, é tanto vítima quanto vilão, preso num ciclo de violência que o consome. A narrativa, comparada a um “soco no estômago”, incomoda e provoca.
O estágio, sem spoilers, é frenético, com Máiquel enfrentando as consequências de suas ações em meio a alucinações e desespero. O romance, elogiado por sua intensidade, deixa o leitor com um gosto de “quero mais”, como notam resenhas, e tem uma continuação, Ladrao .
Em resumo, O Matador é uma obra visceral que disseca a violência urbana e a fragilidade moral. Patrícia Melo, com sua narrativa eletrizante, cria um retrato incômodo da sociedade brasileira, onde o crime é banalizado e o herói é um assassino. Um clássico moderno, essencial para fãs de literatura policial.