“O Vingador do Futuro” é a novelização de Piers Anthony baseada no roteiro do famoso filme de ficção científica lançado em 1990, estrelado por Arnold Schwarzenegger. Inspirado no conto “We Can Remember It for You Wholesale” de Philip K. Dick, a história mergulha em temas como identidade, memória e manipulação da realidade, ambientando-se num futuro distópico em que a linha entre verdade e ilusão é cada vez mais turva.
A narrativa acompanha Douglas Quaid, um operário da construção civil que vive uma vida aparentemente comum. Ele é atormentado por sonhos recorrentes com Marte — um planeta habitado, colonizado, mas em crise social e política. Fascinado, Quaid decide visitar a Rekall, uma empresa especializada em implantar memórias falsas para oferecer “experiências vividas” sem sair do lugar.
Na Rekall, Quaid opta por comprar uma memória em que seria um agente secreto em Marte. No entanto, algo dá errado durante o procedimento. Subitamente, ele entra em colapso, começa a agir como se já fosse esse agente e parece se lembrar de fatos que nunca deveriam ter existido — ou será que sempre existiram?
A partir daí, Quaid se vê perseguido por pessoas que acreditava serem aliadas, incluindo sua própria esposa. Fugindo pelas ruas de uma sociedade altamente controlada, ele descobre pistas de uma identidade anterior: Carl Hauser, um espião de elite com conexões diretas com Cohaagen, o tirânico governante de Marte.
Ao viajar para Marte de verdade, Quaid se envolve com a resistência marciana e com Melina, uma mulher que surge de seus sonhos e que pode ter sido realmente parte de sua vida anterior. Em meio a perseguições, revelações e combates, ele descobre que seu antigo “eu” — Hauser — trabalhava para Cohaagen e pode ter se infiltrado entre os rebeldes com segundas intenções.
A tensão cresce quando Quaid começa a desconfiar de si mesmo: será que ele é mesmo Quaid, um novo homem buscando justiça? Ou apenas Hauser, um agente disfarçado com memórias falsas implantadas? Essa dúvida move toda a história, desafiando a noção de livre-arbítrio e identidade pessoal.
O centro do conflito em Marte gira em torno da falta de oxigênio, controlado por Cohaagen, e de uma antiga tecnologia alienígena escondida no planeta, capaz de terraformar Marte e libertar o povo do domínio opressor. Quaid/Hauser se vê no centro dessa disputa e precisa decidir de que lado realmente está — e quem ele verdadeiramente é.
Em um clímax alucinante, repleto de reviravoltas e cenas de ação, Quaid ativa a tecnologia alienígena e liberta Marte, ao mesmo tempo em que desafia todas as certezas sobre sua identidade. O planeta se transforma, o povo respira — mas uma pergunta permanece: tudo isso foi real ou apenas parte da memória implantada?
“O Vingador do Futuro”, por Piers Anthony, é mais que uma aventura de ficção científica. É uma reflexão intensa sobre o que nos define como indivíduos: nossas memórias, nossas escolhas ou nossas ações? Com estilo ágil e envolvente, a obra traduz em prosa os dilemas filosóficos e existenciais do original cinematográfico, mantendo a tensão e o fascínio por realidades possíveis — e manipuláveis.