Publicado originalmente como The Keep, o romance “A Fortaleza”, escrito por F. Paul Wilson, é uma envolvente mistura de terror gótico, ficção histórica e suspense sobrenatural. Ambientado em plena Segunda Guerra Mundial, o livro nos transporta para os Montes Cárpatos, na Romênia, onde um destacamento nazista ocupa uma antiga fortificação perdida entre as montanhas. Mal sabem os soldados que, ao se instalarem naquele lugar ermo, despertam uma força sombria adormecida por séculos — um mal ancestral que se alimenta de sangue, medo e segredos ocultos.
À medida que os soldados começam a ser encontrados mortos, brutalmente assassinados sem explicação lógica, o comandante do posto busca ajuda. É então que entra em cena o professor Theodore Cuza, um erudito judeu estudioso de mitologia, acompanhado de sua filha, Magda. Cuza é convocado por sua expertise em textos antigos e símbolos arcanos, mas logo se vê envolvido em uma trama que ultrapassa tudo o que conhecia. As mortes não são obra de humanos, e a criatura que habita a fortaleza parece se comunicar com ele, prometendo libertação e poder. O envolvimento entre o professor e a entidade traz à tona dilemas morais profundos e uma crescente tensão entre fé, razão e sobrevivência.
Mas não é apenas a criatura que esconde segredos. Outro personagem misterioso entra na história: Glenn, um homem imortal incumbido de impedir que essa entidade — chamada Rasalom — recupere sua força e destrua o mundo. Glenn carrega o peso de séculos de batalhas contra o mal, e sua missão é tão antiga quanto obscura. O embate entre Glenn e Rasalom transcende o conflito da guerra e adentra o território da eterna luta entre luz e trevas, bem e mal, destino e livre-arbítrio.
“A Fortaleza” não é apenas uma narrativa de terror; é também uma reflexão sobre os horrores do nazismo, o papel da ciência em meio ao misticismo, e os limites da humanidade diante do sobrenatural. F. Paul Wilson constrói uma atmosfera opressiva, claustrofóbica e carregada de simbolismo, explorando temas como fanatismo, culpa, redenção e sacrifício. O ritmo da narrativa alterna momentos de suspense lento e psicológico com cenas de ação intensa, mantendo o leitor em constante estado de alerta.
O livro ganhou notoriedade ao ser adaptado para o cinema em 1983, sob direção de Michael Mann. Embora o filme tenha se tornado um cult obscuro, a obra original de F. Paul Wilson permanece como um marco do horror literário dos anos 1980, sendo o primeiro volume da série “Adversary Cycle”, que mais tarde se conectaria ao universo do autor conhecido como “Repairman Jack”.
Para os fãs de literatura de terror com profundidade filosófica e complexidade emocional, “A Fortaleza” é uma leitura indispensável. Ela propõe uma narrativa onde os monstros nem sempre são apenas criaturas das sombras — às vezes, estão também nas ideologias que movem os homens.