As Meninas , de Lygia Fagundes Telles, publicado em 1973, é um romance psicológico e denso que se tornou um clássico da literatura brasileira. Ambientado em São Paulo durante a ditadura militar (1964-1985), o livro acompanha três jovens universitárias — Lorena, Lia e Ana Clara — que unem um pensionato de freiras e enfrentam conflitos pessoais em meio às tensões políticas e sociais da época. Escrito com uma prosa introspectiva e fragmentada, o romance explora temas como identidade, liberdade, amor e alienação, usando monólogos interiores e diálogos para revelar as complexidades dos protagonistas. A seguir, apresento um resumo em 9 parágrafos, mantendo um estilo narrativo fluido, conforme suas instruções.
A história se passa em poucos dias, com as três meninas vivendo no pensionato, um espaço claustrofóbico que reflete suas inquietações. Lorena, a mais romântica, é uma estudante de Direito de família abastada, obcecada por um amor platônico por MN, um professor casado. Sua vida é marcada por privilégios, mas também por uma solidão profunda, expressa em devaneios e na obsessão por manter a ordem em seu canto do quarto compartilhado. Ela foge da realidade política, preferindo sonhar com amores impossíveis.
Lia, estudante de Ciências Sociais, é o oposto de Lorena: engajada politicamente, ela milita na resistência contra a ditadura, vivendo a tensão de ser namorada de Miguel, um ativista preso. Sua energia combativa esconde inseguranças, e sua luta para conciliar o idealismo revolucionário com os medos pessoais, especialmente após rumores de que Miguel pode estar morto. Lia representa a juventude que desafia o regime, mas paga o preço do isolamento e da paranóia.
Ana Clara, a mais instável, é uma modelo que esconde um passado traumático. Viciada em drogas e envolvida com Max, um traficante, ela vive à beira do colapso, tentando manter uma fachada de glamour. Sua fragilidade e dependência química tornam uma figura trágica, incapaz de escapar do ciclo de abusos e autodestruição. A relação entre as três meninas é tensa, marcada por desconfianças, mas também por momentos de cumplicidade forjados pela convivência.
O pensionato, regido por freiras, é um microcosmo da sociedade repressiva da ditadura. As regras e a vigilância constante ecoam o controle estatal, enquanto as conversas das meninas revelam suas tentativas de encontrar sentido em um mundo caótico. Lygia Fagundes Telles usa o espaço para criar uma atmosfera sufocante, onde os monólogos interiores das protagonistas se entrelaçam, expondo suas angústias sem a necessidade de um narrador onisciente.
A ditadura permeia a narrativa, mas de forma indireta, através das escolhas e medos dos personagens. Lia carrega o peso da militância, enfrenta a possibilidade de prisão ou tortura, enquanto Lorena ignora o contexto político, focado em suas fantasias. Ana Clara, por sua vez, é vítima de um sistema que explora sua vulnerabilidade, com o tráfico de drogas simbolizando a decadência moral da época. Essa diversidade de perspectivas mostra como o regime afetava as diferentes camadas da sociedade.
A prosa de Lygia é marcada por uma riqueza psicológica, com fluxos de consciência que capturam os pensamentos fragmentados das meninas. A autora alterna vozes narrativas, permitindo que cada uma revele suas contradições: Lorena com seu romantismo ingênuo, Lia com sua bravura temerária e Ana Clara com sua desesperança. O estilo, embora denso, é fluido, com diálogos que misturam humor, ironia e desespero.
Os relacionamentos amorosos dos protagonistas refletem suas buscas por identidade. Lorena idealiza MN, mas nunca concretiza seu amor; Lia se agarra a Miguel como símbolo de sua luta, mas teme perdê-lo; Ana Clara, manipulada por Max, confunde amor com dependência. Esses romances, todos frustrados, sublinham a dificuldade de encontrar conexões genuínas em um contexto de repressão e incerteza.
A narrativa culmina em momentos de ruptura para cada personagem, sem oferecer resoluções simples. Ana Clara enfrentou as consequências de sua dependência, Lia tomou uma decisão arriscada em nome de sua causa, e Lorena permanece presa em seus sonhos, incapaz de enfrentar a realidade. O final, ambíguo, reforça a sensação de um Brasil fragmentado, onde a juventude busca sentido em meio ao caos.
Em resumo, As Meninas é um retrato poderoso da condição humana durante a ditadura militar, usando as vozes de três jovens para explorar os conflitos de uma geração. Lygia Fagundes Telles cria uma obra atemporal, que combina crítica social, introspecção psicológica e uma prosa magistral. O romance, com sua galeria de personagens complexos e sua atmosfera opressiva, permanece uma leitura essencial para entender o Brasil e as lutas universais por liberdade e identidade.