Em tempos antigos, era comum marinheiros viajarem com animais exóticos para entreter a tripulação durante longas jornadas. Em uma dessas viagens, um navio naufragou, lançando todos ao mar. Um dos passageiros era um macaco, que se viu lutando pela vida nas águas revoltas.
Enquanto os homens se afogavam ou buscavam tábua de salvação, um golfinho surgiu das profundezas e, vendo o macaco se debatendo, pensou tratar-se de um homem. Comovido, decidiu ajudá-lo, colocando-o sobre seu dorso e nadando em direção à costa.
Durante o trajeto, o golfinho, desejando fazer amizade, começou a conversar com o macaco. Perguntou se ele era ateniense. O macaco, vaidoso e mentiroso, respondeu que sim — e não apenas isso: afirmou ser uma figura importante da cidade.
Curioso, o golfinho então quis saber se o macaco conhecia o Pireu, o famoso porto de Atenas. Sem sequer saber o que era aquilo, o macaco respondeu animadamente que sim — e que o Pireu era um grande amigo seu.
Nesse instante, o golfinho percebeu o engano. Irritado com a mentira, e sentindo-se enganado, mergulhou abruptamente, deixando o macaco sozinho no mar, à mercê das ondas.
A fábula termina com a clara mensagem de que a mentira, além de não trazer vantagem alguma, pode ser perigosa e até fatal. Esopo utiliza o humor e a astúcia para mostrar como a vaidade e a falsidade podem levar à ruína.
O macaco, ao tentar parecer mais importante do que realmente era, perdeu a oportunidade de ser salvo. Sua ânsia por impressionar custou-lhe caro, mostrando que nem sempre falar demais é sinal de inteligência.
Já o golfinho representa a justiça da natureza: generoso no início, mas implacável diante da falsidade. Sua atitude ressalta o valor da sinceridade e da humildade.
A moral final reforça uma lição universal: “Quem mente para se exibir acaba desmascarado e sozinho.” Esopo, como sempre, nos brinda com uma pequena história de grande sabedoria.