“As Horas Vermelhas” por Leni Zumas é um romance impactante que mistura ficção distópica e crítica social, abordando temas como direitos reprodutivos, maternidade e a autonomia feminina em um futuro inquietantemente plausível.
A história se passa nos Estados Unidos, onde uma nova legislação proíbe o aborto e restringe severamente as opções reprodutivas das mulheres. Dentro desse cenário opressor, acompanhamos a trajetória de quatro personagens femininas cujas vidas se entrelaçam de maneira poderosa. A autora constrói um universo onde o controle sobre o corpo feminino se torna central, evocando reflexões sobre liberdade, resistência e identidade.
A protagonista principal, conhecida como a Professora, é uma mulher solteira que deseja desesperadamente ter um filho, mas enfrenta dificuldades para engravidar dentro das novas restrições impostas pelo governo. Enquanto luta contra o peso da legislação e as expectativas da sociedade, ela se vê confrontada com decisões que desafiam sua própria existência.
Ao lado dela, temos a Curandeira, uma mulher de passado misterioso que, apesar do risco, continua ajudando mulheres em situações difíceis, oferecendo conhecimentos ancestrais e alternativas proibidas pela lei. Sua coragem e compaixão fazem dela uma personagem essencial na luta contra a opressão.
A terceira figura central, a Esposa, representa aquelas que tentam se conformar ao sistema, mas acabam descobrindo que mesmo dentro dos papéis tradicionais, as restrições são sufocantes. Seu casamento aparentemente perfeito começa a ruir à medida que ela percebe as limitações impostas à sua liberdade pessoal.
Por fim, a Filha é uma adolescente rebelde que, ao descobrir sua própria gravidez, precisa tomar uma decisão que pode mudar sua vida para sempre. Sua trajetória reflete o dilema de muitas mulheres que se encontram sem escolha em um mundo onde o Estado controla seus corpos.
Com uma narrativa poética e fragmentada, Leni Zumas constrói um romance intenso e profundamente humano. “As Horas Vermelhas” lembra clássicos como O Conto da Aia, de Margaret Atwood, ao retratar um futuro que parece assustadoramente próximo. A obra questiona até que ponto uma sociedade pode intervir na vida das mulheres e convida o leitor a refletir sobre os perigos da perda de direitos fundamentais.
Uma leitura essencial para quem busca um romance forte, atual e provocador.