“O Paciente Inglês”, de Michael Ondaatje, é uma narrativa multifacetada ambientada durante e após a Segunda Guerra Mundial. A história se desenrola em uma vila italiana, transformada em hospital improvisado, onde quatro personagens principais se encontram: Hana, uma jovem enfermeira canadense; o paciente inglês, gravemente queimado e sem identidade; Caravaggio, um ladrão de profissão; e Kip, um sikh sapador do exército britânico.
Hana cuida do paciente inglês, que foi resgatado de um acidente de avião no deserto do Saara. Ele está gravemente queimado e desfigurado, incapaz de lembrar ou revelar sua identidade. Hana, lidando com suas próprias perdas e traumas da guerra, dedica-se intensamente aos cuidados dele, criando um vínculo profundo entre eles.
Caravaggio, um amigo de longa data do pai de Hana e antigo espião, chega à vila para se recuperar de ferimentos e encontrar respostas. Ele suspeita da verdadeira identidade do paciente inglês e começa a investigar seu passado. Caravaggio acredita que o paciente seja Almasy, um explorador húngaro e espião, responsável por trair informações aos alemães durante a guerra.
Kip, o sapador, é responsável por desarmar bombas deixadas para trás. Ele forma uma conexão estreita com os outros personagens, especialmente com Hana, com quem desenvolve um relacionamento íntimo. Kip representa o conflito interno entre seu dever militar e seu sentimento de alienação em relação ao império britânico.
Enquanto o paciente inglês começa a recordar seu passado, a narrativa se entrelaça com suas memórias de amor e traição. Ele revela sua verdadeira identidade como conde László de Almásy, um explorador húngaro que mapeava o deserto do Saara. Almásy se apaixona por Katharine Clifton, esposa de um colega explorador. O romance deles é intenso, mas trágico, culminando na morte de Katharine em uma caverna no deserto.
A descoberta da verdadeira identidade do paciente inglês e seu envolvimento na guerra traz tensão e conflito entre os personagens. Caravaggio confronta Almásy sobre suas ações, enquanto Hana e Kip lidam com suas próprias crises pessoais e questionamentos sobre lealdade e moralidade.
A narrativa de “O Paciente Inglês” explora temas de identidade, memória, amor e traição, intercalando presente e passado de maneira lírica e evocativa. A história culmina com a reflexão sobre os impactos duradouros da guerra nos indivíduos, destacando a busca por redenção e a complexidade das relações humanas em tempos de conflito.
O livro termina com a partida de Kip, que, ao saber da explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, sente-se ainda mais distanciado do mundo ocidental e retorna à Índia. Hana, Caravaggio e o paciente inglês permanecem na vila, lidando com as cicatrizes físicas e emocionais deixadas pela guerra.
“O Paciente Inglês” é uma obra rica e complexa, que mescla história e ficção, explorando a profundidade da condição humana em tempos de adversidade. A narrativa poética de Ondaatje tece uma tapeçaria de emoções e experiências que ressoam muito além do final da guerra.
Resumido por Ernesto Matalon